Nos últimos quatro meses do ano, características bem típicas do
semiárido se intensificam: altas temperaturas, muito vento, poucas chuvas. O
tradicional B-R-O Bró — expressão referente à última sílaba dos meses de
setembro, outubro, novembro e dezembro — começou na sexta-feira, 1º, e só
termina quando 2018 chegar. Em Fortaleza, a temperatura deve chegar a uma média
de 33ºC, enquanto o Interior poderá registrar até 38ºC.
Os ventos, que têm média de 14 km/h no período, amenizam o calor no
litoral, mas o Interior padecerá de uma quentura ainda maior que a normal.
“Esses índices de temperatura não apresentam grande variação ao
longo do ano. Mas, no período de chuvas, a cobertura de nuvens ameniza o calor.
Até agosto, encontramos temperatura um pouco mais baixa, em torno de 30ºC”,
explica Raul Fritz, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos.
Se o Ceará tivesse estações do ano definidas, este mês marcaria o
início da primavera, como ocorre mais ao sul. Como o Estado está perto da Linha
do Equador, a inclinação do eixo de rotação da terra faz com que a incidência
solar seja direta quase que durante todo o ano. “No Sul, por exemplo, o sol
incide diretamente durante o verão e, no inverno, atinge de forma mais
inclinada, por isso é frio. Aqui isso não acontece”, explica Fritz.
Primavera
A época em que seria de primavera, estação onde há o florescer das
plantas, no Ceará ainda demora três meses para chegar. “O que existe é uma
pequena fase, que seriam as chuvas do caju. Dá a floração do cajueiro e
frutifica o caju”, afirma o professor do Departamento de Fitotecnia da
Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto Takane.
Segundo ele, os ventos, que ajudam a amenizar o calor no B-R-O Bró,
são prejudiciais às plantas. Além da escassez de água.
O professor explica que o vento tira a umidade das folhas,
provocando o fechamento dos chamados estômatos — pequenos orifícios presentes
nas folhas. “Esses estômatos fecham e todo o sistema da planta paralisa. Ela
não vai crescer, não vai florescer e não vai frutificar.
Muitas derrubam as flores que têm como um mecanismo de defesa”,
detalha.
Já o aumento de temperatura é algo a que a vegetação nativa está
adaptada. Assim, acaba resistindo mais à temperatura que aos ventos.
Na Caatinga, mesmo as plantas mais resistentes, só deverão
florescer entre dezembro e janeiro. “Quando a temperatura é muito alta, como
num deserto ou na Caatinga, as flores vão florescer, mas por um pequeno prazo
de tempo”, conta.
As flores do mandacaru e do xique-xique, por exemplo, só abrem
durante a madrugada, passam algumas horas e fecham.
Por: O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe Seu Comentário é Muito Importante para Nós