segunda-feira, setembro 05, 2016
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Ceará, segundo do País em homicídios e onde o governo 'empurra com a barriga' o aumento salarial dos PMs
Ceará, segundo do País em homicídios e onde o governo 'empurra com a barriga' o aumento salarial dos PMs
Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo nesta
segunda-feira (5) revela a quanto anda o estado de precariedade no setor da
Segurança Pública no Brasil por conta da crise econômica. Sem meios de conter a
crescente violência, e sem lastro financeiro para aparelhar devidamente suas
polícias militares, os Estados vêem suas corporações sucumbirem e apelam para o
emprego da Força Nacional de Segurança (FNS).
No ranking dos estados onde a FNS já passou – ou está
atuando – e onde as taxas de homicídios são as piores do País, o Ceará surge em
segundo lugar, perdendo apenas para Alagoas.
O Estado apresenta um índice de 52,2 mortos por cada grupo de 100 mil
habitantes. Em Alagoas, são 63. Depois,
em terceiro lugar, aparece outro estado
nordestino, o Rio Grande do Norte, com taxa de 46,2 mortos por cada 100 mil
habitantes.
Nos últimos meses, a onda de assassinatos no Ceará voltou a
crescer, muito embora o Governo tente emplacar junto à população um quadro
diferente, com estatísticas maquiadas e omissas. Somente no mês de agosto,
cerca de 300 pessoas foram mortas no Estado, numa média de 10 homicídios/dia.
Somente em Fortaleza, foram mais de uma centena de execuções sumárias, entre
homicídios, latrocínios (roubo seguido de morte) e lesões corporais seguidas de
morte.
Para tentar aplacar
a estatística nebulosa, o governo do Ceará determinou à Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) que deixem de fora dos balanços
mensais os casos de assassinatos que acontecem dentro dos presídios e aqueles
em que pessoas morrem em confronto com a Polícia. Neste último caso, sob a
esdrúxula afirmação de que “as mortes decorrentes de intervenção policial não
são consideradas intencionais, pois possuem excludente de ilicitude”, muito
embora os casos sequer tenham sido julgados pela Justiça (Militar), a quem cabe
apurar e julgar. Ainda assim, tais crime
são excluídos dos números reais da criminalidade.
Sucateamento
Além do sucateamento, as polícias militares passam por
momento de desânimo por conta da falta de dinheiro nos cofres dos governos
estaduais que possam possibilitar aumento de salários.
No Ceará, não é diferente. A proposta de aumentar o soldo dos militares
esbarra na falta de caixa. A tal proposta de conceder a “Média do Nordeste” já
está há meses sendo motivo de reuniões e reuniões entre representantes do
Palácio da Abolição e das associações que congregam PMs e bombeiros.
Prestes a concluir seu segundo ano de mandato, o governador
petista Camilo Santana tenta “empurrar com a barriga” o assunto, apostando na paciência
dos policiais. Em troca, inaugura todos os meses novos grupamentos do Batalhão
Raio (BPRaio) no Interior do Estado, com policiais que foram tirados dos
efetivos do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e do Ronda do Quarteirão. Tenta
assim, passar falsamente para a população a sensação de que o contingente em
tais cidades está sendo reforçado, o que não é verdadeiro.
Por FERNANDO RIBEIRO
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