O delegado federal Alexandre Ramagem Rodrigues foi nomeado
superintendente regional da Polícia Federal no Ceará, conforme O POVO havia
antecipado há um mês. A decisão foi publicada na edição do Diário Oficial da União
(DOU) desta segunda-feira, 25. Entretanto, segundo fontes da própria
instituição, a nomeação deverá ser revista e a publicação, retificada.
É que no lugar de Ramagem, por decisão da Direção-Geral da PF, quem
deveria ter sido nomeado para o cargo era o delegado federal Dennis Cali, que
atuava como coordenador-geral de Inteligência da corporação. Já Ramagem, que
coordenou a equipe de segurança do presidente Jair Bolsonaro (PSL), após o
segundo turno das Eleições de 2018, deverá assumir um cargo na Presidência.
A nomeação é assinada pelo secretário-executivo adjunto do
Ministério da Justiça e Segurança Pública, Washington Leonardo Guanaes Bonini.
O POVO solicitou informações ao ministério, mas não houve retorno da demanda
até a publicação desta matéria.
Até agora, portanto, Ramagem assume o lugar de Vanessa Gonçalves
Leite de Souza, 39, primeira mulher a ocupar a Superintendência da PF no Ceará,
desde a implantação do Órgão, em 1965. A saída da delegada já foi oficializada.
A exoneração foi publicada na edição do DOU do dia 25 de janeiro
último. Vanessa assumirá a direção da Academia Nacional de Polícia (ANP) da
Diretoria de Gestão de Pessoal da Polícia Federal, em Brasília.
Já Ramagem é o 24ª dirigente da história da PF no Ceará. Ele atuou
na segurança de Bolsonaro de 29 de outubro, após as eleições, até a posse do
presidente, em 1º de janeiro. No intervalo em que exerceu a função, o protocolo
de segurança da PF alcançou o nível 5, escala dispensada aos chefes de Estado,
tendo a equipe de segurança do presidente sido aumentada de 25 para 55
policiais federais.
Antes, em 2017, Alexandre Ramagem foi o titular da investigação que
deu origem à operação Cadeia Velha, no Rio de Janeiro, que culminou na prisão
dos deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do
PMBD fluminense. O grupo teria atuado na concessão de benefícios fiscais em
favor de determinadas empresas e empreiteiras, fazendo com que o Rio deixasse
de arrecadar, no intervalo de cinco anos, mais de R$ 183 bilhões.
Desentendimento
Ramagem assumiu a coordenação da segurança do então presidente
eleito em meio a um desentendimento entre Bolsonaro e o delegado Antônio Marcos
Teixeira, à época responsável por chefiar a equipe. No dia 28 de outubro,
depois de votar, ao chegar no condomínio onde morava, no Rio de Janeiro,
Bolsonaro colocou parte do corpo para fora do carro da PF e acenou para seus
eleitores.
Irritado, Teixeira repreendeu os agentes federais comandados por
ele, que permitiram a exposição do candidato, descumprindo protocolos de
segurança da PF. Após o corrido, Bolsonaro solicitou à PF que dispensasse o
delegado de sua segurança. Confirmou-se, portanto, a segunda mudança na
coordenação da segurança pessoal do hoje presidente.
Teixeira havia assumido a função em substituição ao delegado Daniel
França, que exercia a função na ocasião do atentado em Juiz de Fora (MG), no
início de setembro, quando Bolsonaro foi esfaqueado por Adélio Bispo de
Oliveira, preso em flagrante.
A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) chegou a
informar, à época, que o afastamento de França foi “estratégico”. No mesmo dia
em que Ramagem assumiu a coordenação da segurança, França foi destacado para a
função de “ligação” entre a PF e a equipe de campanha de Bolsonaro.
PRF
Na mesma decisão, o secretário-adjunto do ministério dispensar o
policial rodoviário federal Marcos Antônio Jesus Lima de Sena da função de
superintendente regional da PRF no Ceará. Um substituto para Sena ainda não foi
nomeado.
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