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terça-feira, fevereiro 26, 2019

Delegado que coordenou segurança de Bolsonaro é nomeado para PF do Ceará, mas não deve ficar


O delegado federal Alexandre Ramagem Rodrigues foi nomeado superintendente regional da Polícia Federal no Ceará, conforme O POVO havia antecipado há um mês. A decisão foi publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 25. Entretanto, segundo fontes da própria instituição, a nomeação deverá ser revista e a publicação, retificada.

É que no lugar de Ramagem, por decisão da Direção-Geral da PF, quem deveria ter sido nomeado para o cargo era o delegado federal Dennis Cali, que atuava como coordenador-geral de Inteligência da corporação. Já Ramagem, que coordenou a equipe de segurança do presidente Jair Bolsonaro (PSL), após o segundo turno das Eleições de 2018, deverá assumir um cargo na Presidência.

A nomeação é assinada pelo secretário-executivo adjunto do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Washington Leonardo Guanaes Bonini. O POVO solicitou informações ao ministério, mas não houve retorno da demanda até a publicação desta matéria.

Até agora, portanto, Ramagem assume o lugar de Vanessa Gonçalves Leite de Souza, 39, primeira mulher a ocupar a Superintendência da PF no Ceará, desde a implantação do Órgão, em 1965. A saída da delegada já foi oficializada.

A exoneração foi publicada na edição do DOU do dia 25 de janeiro último. Vanessa assumirá a direção da Academia Nacional de Polícia (ANP) da Diretoria de Gestão de Pessoal da Polícia Federal, em Brasília.

Já Ramagem é o 24ª dirigente da história da PF no Ceará. Ele atuou na segurança de Bolsonaro de 29 de outubro, após as eleições, até a posse do presidente, em 1º de janeiro. No intervalo em que exerceu a função, o protocolo de segurança da PF alcançou o nível 5, escala dispensada aos chefes de Estado, tendo a equipe de segurança do presidente sido aumentada de 25 para 55 policiais federais.

Antes, em 2017, Alexandre Ramagem foi o titular da investigação que deu origem à operação Cadeia Velha, no Rio de Janeiro, que culminou na prisão dos deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMBD fluminense. O grupo teria atuado na concessão de benefícios fiscais em favor de determinadas empresas e empreiteiras, fazendo com que o Rio deixasse de arrecadar, no intervalo de cinco anos, mais de R$ 183 bilhões.

Desentendimento

Ramagem assumiu a coordenação da segurança do então presidente eleito em meio a um desentendimento entre Bolsonaro e o delegado Antônio Marcos Teixeira, à época responsável por chefiar a equipe. No dia 28 de outubro, depois de votar, ao chegar no condomínio onde morava, no Rio de Janeiro, Bolsonaro colocou parte do corpo para fora do carro da PF e acenou para seus eleitores.

Irritado, Teixeira repreendeu os agentes federais comandados por ele, que permitiram a exposição do candidato, descumprindo protocolos de segurança da PF. Após o corrido, Bolsonaro solicitou à PF que dispensasse o delegado de sua segurança. Confirmou-se, portanto, a segunda mudança na coordenação da segurança pessoal do hoje presidente.

Teixeira havia assumido a função em substituição ao delegado Daniel França, que exercia a função na ocasião do atentado em Juiz de Fora (MG), no início de setembro, quando Bolsonaro foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, preso em flagrante.

A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) chegou a informar, à época, que o afastamento de França foi “estratégico”. No mesmo dia em que Ramagem assumiu a coordenação da segurança, França foi destacado para a função de “ligação” entre a PF e a equipe de campanha de Bolsonaro.

PRF

Na mesma decisão, o secretário-adjunto do ministério dispensar o policial rodoviário federal Marcos Antônio Jesus Lima de Sena da função de superintendente regional da PRF no Ceará. Um substituto para Sena ainda não foi nomeado.

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