quarta-feira, outubro 31, 2018
PESQUISA INDICA FIM DE ESTIAGEM NO NORDESTE
Os próximos dez anos (2020-2030) apontam para um resfriamento dos
oceanos, o que significa o fim do ciclo da estiagem prolongada com a chegada de
chuvas regulares no Nordeste brasileiro. A tendência é que a temperatura da
Terra diminua, com um ligeiro resfriamento de aproximadamente 0,3 graus
centígrados, uma vez que o sol está em baixa atividade eletromagnética.
Desde dezembro de 2008, o sol entrou nesse período de baixa
atividade e passará assim, produzindo um pouco menos de energia, até 2030. Esse
fenômeno, chamado “mínimo solar”, ocorre a cada 100 anos e, para a Ciência,
ainda é um mistério explicar o porquê de o astro ter esse comportamento por
século.
A novidade foi anunciada pelo PhD em Meteorologia e professor da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Luiz Carlos Molion, que esteve em
Pernambuco, no município de Petrolina, no Sertão, recentemente para divulgar
seu estudo.
O pesquisador Molion explica que o clima do planeta é controlado
pela temperatura dos oceanos, responsáveis por cobrir 71% da superfície da
Terra. O Pacífico, particularmente, que ocupa 35% da superfície da Terra, já dá
sinais de que está esfriando. “E, se o sol é a fonte principal de calor e seu
campo magnético está em baixa atividade, a tendência é o esfriamento dos
oceanos. Quando esse campo (magnético) enfraquece, temos mais formação de
nuvens. Ou seja, mais chuvas e também menos radiações porque os raios solares
batem no topo das nuvens e retornam ao espaço”, detalha o estudioso.
Essa inversão da polaridade solar, acredita Molion, deverá ser
finalmente explicada pela Ciência nos próximos anos porque a Nasa lançou, em
2008, um satélite na órbita solar.
Que é um mistério ainda entender o porquê de, a cada 100 anos, o
astro entrar nessa atividade menos intensa, não restam dúvidas. Mas, quem deve
sofrer com esse fenômeno é o agricultor na região sul do País.
No período de 1946 a 1975, o clima frio afetou bastante os estados
da região sul, principalmente o Paraná, onde ocorreu um problema sério com o
café, e a última grande geada nesse período frio foi a de julho de 1975, que
praticamente acabou com o café do oeste do Paraná. No entanto, ressalta o
professor, não é a chegada de uma nova era glacial. É um resfriamento
semelhante ao que ocorreu entre 1946 e 1975, quando a temperatura média da
terra baixou aproximadamente 0,3 graus centígrados.
“É certo que os invernos passarão a ser mais frios e a temperatura
vai persistir baixa durante meses em lugares que estão fora da região tropical,
porque, normalmente, essas regiões não recebem tanta carga de radiação solar”,
explica, dando como exemplo os Estados Unidos, Canadá, Rússia, China,
Argentina, Uruguai, Austrália, Nova Zelândia e o sul do Brasil.
“Esse esfriamento do sol já está dando sinais. No início de outubro
mesmo, que deveria ser verão, as serras catarineses registraram geadas”,
complementa Luiz Carlos Molion. A reportagem tentou contato com o Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet) e a Agência Pernambucana de Águas e Clima
(Apac), mas não obteve êxito.
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