
De acordo com os dados, o Ceará ocupa a 12ª posição no ranking
nacional de denúncias por 100 mil habitantes, com média de 75,94 pessoas. O
primeiro é o Distrito Federal, onde a cada 100 mil pessoas, 138 registraram
violações contra a população infanto-juvenil. No Brasil, essa média é de 73,46
para cada grupo de 100 mil.
Entre as principais, aponta o Ministério, a violência física,
psicológica, discriminação, negligência e maus-tratos. Vai desde abusos sexuais
a castigos corporais dentro de casa, de abusos e negligência em instituições
até às lutas de gangues nas ruas onde as crianças brincam e exploração do
trabalho infantil.
Na visão de especialistas, como o chefe Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef) em Fortaleza, Rui Aguiar, entre os fatores que
contribuem para que essa violência aconteça estão as desigualdades econômicas e
sociais agudas, normas culturais que toleram a violência, falta de políticas
públicas e legislação adequadas, serviços insuficientes para as vítimas e investimentos
limitados para prevenir e responder à violência. "O pulo no número de
denúncias não quer dizer que essas violações também aumentaram. Acredito que a
população cearense está mais consciente sobre o assunto", comenta. Segundo
ele, é preciso mais do que definir quem é o agressor, combater as causas para
essa violência. "É importante dar resposta aos registros, atacar as causas
com políticas públicas mais efetivas", diz.
O supervisor das Defensorias Públicas da Infância e Juventude do
Ceará, Adriano Leitinho Campos, concorda com Rui Aguiar e destaca que a
disseminação da violência urbana, como brigas entre facções, tráfico de drogas
e balas perdidas, em falar em homicídios de crianças, como o caso da menina
Debora Lohany, que completa um ano, é fruto do que acontece dentro de casa.
"Ali, sem uma família estruturada ou que receba atendimento do poder
público, é que se formam as maiores vítimas. É dali que sem apoio, os meninos e
meninas são atraídos para o tráfico", analisa.
Outra pesquisa
Em outra pesquisa recente, o Brasil aparece no topo entre 13 países
da América Latina. Eles foram analisados sobre a percepção de risco de
violência contra crianças e sistemas de proteção à infância. A violência contra
essa população é a ameaça mais significativa para o bem-estar e o futuro da
juventude, diz o estudo.
Os dados vêm da ONG Visão Mundial, especializada na proteção à
infância, em estudo realizado em parceria com o Instituto Ipsos. Os dados da
pesquisa mostram que cerca de 70% dos brasileiros sentem que nos últimos cinco
anos a violência contra as crianças e os adolescentes tem aumentado; três a
cada 10 brasileiros conhecem pessoalmente uma vítima de violência infantil.
"Os números de homicídios, por exemplo, deixa claro a urgência nas ações
do País como todo para combater esse cenário", avaliam Ruy e Leitinho.
Fique por dentro
Serviço de proteção contra vítimas de abuso
O Disque Direitos Humanos, ou Disque 100, é um serviço de proteção
de crianças e adolescentes com foco em violência sexual, vinculado ao Programa
Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Trata-se de um canal de comunicação da sociedade civil com o poder público, que
possibilita conhecer e avaliar a dimensão da violência contra os direitos
humanos e o sistema de proteção, bem como orientar a elaboração de políticas
públicas. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR)
fez mudanças no Disque 100 que atendia exclusivamente denúncias de abuso e
exploração sexual contra crianças e adolescentes. O serviço foi ampliado,
passou a acolher denúncias que envolvam violações de direitos de toda a
população, especialmente os Grupos Sociais Vulneráveis, como crianças e
adolescentes, pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência e
população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT).
Red; DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário