Entre as enfermidades estão hanseníase, tuberculose, zika e
microcefalia; leptospirose também chamou atenção
O número alto de mortes devido à leptospirose, com 49 ocorrências
positivas e dez óbitos, chamou a atenção
Dados
O conhecimento do caso de determinada doença é necessário para a
execução de medidas de proteção ao individuo e à comunidade, constituindo, além
disso, ponto de partida da investigação epidemiológica. No Ceará, das 48
enfermidades da lista nacional de doenças de notificação compulsória, 26 delas
levaram 1.467 pessoas a óbito em 2016, além de 415 mil casos confirmados (4,7%)
da população do Estado. Entre elas, as doenças milenares, como a hanseníase, as
seculares, tuberculose, e as mais recentes como zika, microcefalia, chikungunya
ou as relacionadas aos animais peçonhentos e Síndrome Respiratória Grave.
Somente a doença diarreica aguda (DDA) atingiu mais de 300 mil
pessoas. Dengue, zika e chikungunya somaram 69,5 mil casos confirmados com 49
mortes. A microcefalia somou 150 ocorrências e 25 óbitos de bebês.
O que mais chamou atenção de infectologistas é o número alto de
mortes devido à leptospirose, com 49 ocorrências positivas e dez óbitos.
Fortaleza contabiliza 30 casos, com oito pessoas mortas. Caucaia teve dois
óbitos pela doença que tem cura se tratada a tempo com medicamentos. Para
especialistas, como o médico Anastácio Queiroz, para o controle da leptospirose
são necessárias medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento
básico (abastecimento de água, lixo e esgoto), melhorias nas habitações humanas
e o combate aos ratos. O que, aponta, ainda está longe de ocorrer de forma
aceitável no Ceará.
Outra que alerta a área de saúde é o chamado acidente com animal
peçonhento. Entre 2007 e 2016, o Estado somou mais de 28 mil vítimas. Somente
no ano passado, foram quatro mil casos com nove fatais.
A maioria dos ataques foi de escorpiões, seguido de serpentes,
abelhas e aranhas. Um dos problemas apontados para o aumento de casos no Brasil
foi a suspensão do soro antiveneno (utilizados para o tratamento de mordidas de
animais peçonhentos) pelo Ministério da Saúde em junho do ano passado.
"Falta vacina para raiva, soro. Estamos em um momento bastante complexo e
que reflete na saúde pública", lamenta Queiroz.
Índice alto
Segundo ele, é necessário rever algumas abordagens para a maioria
dessas doenças. A tuberculose, por exemplo, são mais de três mil pessoas
contaminadas e a maioria ainda se nega a fazer o tratamento. O índice de
abandono é muito alto. "O combate ao Aedes aegypti também é problema, pois
há mais de 30 anos que tentamos acabar com ele. E pior, temos as mesmas fontes
de focos desde 1986, nos primeiros casos da dengue no Ceará", aponta
Anastácio Queiroz.
Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Saúde do Estado
(Sesa), que foi procurada, não se pronunciou e nem encaminhou, via assessoria
de comunicação, nenhuma resposta sobre o assunto.
Dados permitem monitorar as enfermidades
Uma doença de notificação obrigatória ou doença de notificação
compulsória é qualquer doença que a lei exija que seja comunicada às
autoridades de saúde pública. Os dados permitem às autoridades monitorar a
doença e permitem antever possíveis surtos. Portaria do Ministério da Saúde
define uma lista nacional de doenças e agravos de notificação compulsória a
serem monitorados por meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas e
suas diretrizes. A relação ajudará no estabelecimento de saúde estratégica para
vigilância de morbidade e mortalidade das doenças, bem como acompanhamento de
suas causas.
FONTE: DN
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