
O PALHAÇO
Ontem viu-se-lhe em casa a esposa morta
E a filhinha mais nova tão doente!
Hoje o empresário vai bater-lhe à porta,
Que a plateia o reclamo impaciente.
Ao palco em breve surge ... pouco importa
O se pesar àquela estranha gente ...
E ao som das ovações que os ares corta,
Trejeita, e canta, e ri nervosamente.
Aos aplausos da turba ele trabalha
Para esconder no manto em que se embuça
A cruciante angústia que o retalha.
No entanto a dor cruel mais se lhe aguça
E enquanto o lábio trêmulo gargalha,
Dentro do peito o coração soluça.
A dor que dilacera alma
do palhaço, dentro de sua angústia, a insensibilidade de quem quer o
divertimento, pouco importa, o riso, e o efeito de seu infortúnio, nesta cena
de disfarço, pela conveniência social, este pobre homem sente-se obrigado a
fazer uma plateia ri, e, mais cruciante ter que gargalhar ante tanta aflição.
Aqui vemos claramente a
imposição do sistema perverso de dominação, o homem desrespeitado de não poder,
no que lhe sagrado o respeito da própria dor. A nefária realidade que o sistema
envolve todos nós. O determinismo de um sistema que não pode parar. Padre
Antônio Tomás conheceu muito bem a chaga de sua época, que até hoje, de uma
maneira, ainda mais violenta.
Texto Professor Antônio Rilmar Cavalcante
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