quinta-feira, março 03, 2016
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Motoristas profissionais farão teste do cabelo para detecção de drogas
Motoristas profissionais farão teste do cabelo para detecção de drogas
Os
motoristas profissionais de todo o Brasil terão, a partir de hoje (2), que
fazer exames toxicológicos de larga janela de detecção, em cumprimento à
deliberação 145, de dezembro de 2015, do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran). Conhecido como teste do cabelo, esse exame permite identificar o
uso de drogas por um período de, pelo menos, 90 dias antes da coleta.
Na avaliação
do coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, trata-se de uma medida
“extraordinária”. “É a primeira medida que se toma no país desde 1998, quando
entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Não havia nenhuma medida
para combater o uso de drogas por quem dirige de forma profissional”, disse.
Ele destacou que o exame não visa à fiscalização, mas à prevenção.
Autor do
estudo "As drogas e os motoristas profissionais", Rizzotto informou
que, nos Estados Unidos, as próprias empresas tiveram, há dez anos, a
iniciativa de fazer o teste do cabelo e conseguiram praticamente zerar os
acidentes envolvendo motoristas sob efeito de drogas. Naquele país, o teste de
urina é obrigatório há 30 anos, mas apresenta detecção de menor número de dias.
Rizzotto
ressaltou a importância da medida para a saúde dos motoristas, porque “quem é
usuário de drogas vai ter que parar e, se for dependente, vai ter que buscar um
tratamento. É importante, do ponto de vista de saúde pública", afirmou. Em
termos de segurança, a medida é importante, porque vai diminuir os acidentes. O
teste vai beneficiar toda a população brasileira, porque é exigido também dos
motoristas de ônibus, de vans e de transporte escolar."
Exames
clínicos feitos em caminhoneiros brasileiros voluntários que transportam as
chamadas cargas de horário, do tipo perecível, mostraram que chega a 50% o
número de motoristas que fazem uso de drogas. Desse total, 80% já são
dependentes químicos e necessitam de tratamento, disse Rizzotto. Ele afirmou que
muitos motoristas entram nas drogas porque são explorados, começam a usar
rebite (droga sintética produzida em laboratório) e, atualmente, cocaína;
enquanto outros são “irresponsáveis”.
O
coordenador do SOS Estradas disse acreditar que o teste do cabelo vai ajudar
também a combater a concorrência desleal. “Porque aquele que não usa drogas não
aceita fazer determinadas viagens." Se um motorista faz, em 22 horas, por
exemplo, uma viagem que dura normalmente 30 horas, “é porque o cara não vai
dormir”, explicou. No fundo, ele está baixando o valor do frete e trabalhando
em condições sub-humanas. Para ele, que a transportadora, se for uma empresa
séria, e não explorar o empregado, também não vai aceitar determinados tipos de
carga, nem condições adversas de transporte.
Situações
O exame
toxicológico de larga janela vale apenas para motoristas profissionais nas
categorias C, D e E e será exigido em quatro situações: renovação da carteira,
mudança de categoria, admissão e desligamento da empresa. Como o custo do exame
apresenta média de R$ 300 a R$ 350, Rizzotto acredita que deverão ser fechados
acordos entre as empresas e os sindicatos. No caso dos autônomos, o custo deve
ser bancado pelo próprio motorista profissional.
O Denatran
credenciou alguns laboratórios que, por sua vez, fizeram acordos com outros
laboratórios especializados na coleta da amostra para o exame, em todo o país.
Rodolfo Rizzotto informou que esses laboratórios têm que ter uma creditação
forense, para que o teste tenha valor judicial, porque se trata de drogas, além
de uma creditação internacional que indica que ele respeita determinados
protocolos. Os laboratórios credenciados deverão inserir o resultado no Sistema
de Registro Nacional de Condutores Habilitados (Renach).
O motorista
cujo exame der resultado positivo pode buscar tratamento e efetuar um novo
teste 90 dias depois. O coordenador do SOS Estradas acredita que o teste do
cabelo vai criar um estímulo para o abandono do uso de drogas, entorpecentes ou
qualquer medicamento que possa alterar a condição de consciência dos
motoristas.
No estudo
que fez sobre motoristas profissionais, Rizzotto constatou que os motoristas
que usam drogas começam a se relacionar com traficantes, para os quais acabam
devendo dinheiro. “Com isso, eles passam a entrar no tráfico de entorpecentes
para pagar ao traficante, começam a se envolver no roubo de cargas e, como
qualquer viciado, eles estão mais próximos de fazer roubo dos próprios colegas
nos postos onde param”, ressaltou.
Os caminhões
e ônibus representam 5% da frota nacional de veículos que, em janeiro deste
ano, somou quase 91 milhões de unidades, de acordo com dados do Denatran, e
estão envolvidos em mais de 40% dos acidentes nas rodovias com vítimas fatais.
Riscos
O teste do
cabelo é usado no Brasil desde o ano 2000 por forças de segurança e algumas
companhias aéreas, que o utilizam junto com o teste de urina, informou à
Agência Brasil o professor da Universidade Estadual de Londrina (PR) nas áreas
de farmácia e medicina e doutor em toxicologia, Tiago Severo Peixe.
Ele vê com
bons olhos a adoção do teste do cabelo para motoristas profissionais, porque
detecta a presença de substâncias psicoativas em até 180 dias. “Dificilmente,
um motorista conseguiria ficar abstêmio durante 90 dias ou 180 dias”. Lembrou
que nos Estados Unidos, a Casa Branca publicou um ato em dezembro passado,
colocando o teste de cabelo como alternativa ao teste de urina para motoristas
profissionais. Tiago Peixe observou que no teste do cabelo são coletadas
amostras de cabelo, pelo ou unhas.
O
pesquisador destacou que as drogas causam modificações no sistema nervoso
central e autônomo. Isso faz com que os motoristas tendam a perder autonomia, a
capacidade de tomar decisões ao volante. “Ele pode, por exemplo, avistar um
objeto que não está na pista, fazer um movimento brusco com a direção (do
veículo) e causar um acidente”. Algumas substâncias são alucinógenas e podem
causar alucinações. Outras levam a uma sobrecarga do sistema cardiovascular. “O
indivíduo pode ter uma síncope ao volante”.
Tiago Peixe
disse que em algumas classes de substâncias, como as anfetaminas, entre as
quais o rebite, a tendência é a substituição pela cocaína ou 'crack', como se
têm observado nas pesquisas com urina. “São substâncias preocupantes”, afirmou.
Agência
Brasil
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