sábado, dezembro 12, 2015
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Morador de rua passa em 1º lugar em concurso público para coveiro em MG
Morador de rua passa em 1º lugar em concurso público para coveiro em MG
Valter
Fonseca, 41, é natural de Ilhéus (BA) e vive há 10 anos nas ruas de Patos de
Minas (MG), a 456 quilômetros de Belo Horizonte. Nesta semana, viu a vida mudar
de rumo. O nome dele aparece em primeiro lugar na lista de aprovados no
concurso público para coveiro na cidade mineira. Dos 30 pontos, Valter fez 26.
Eram 21
candidatos disputando 3 vagas. O emprego tem salário de R$ 805,18, além de
benefícios como vale-alimentação, vale transporte e plano de saúde.
"Quando
terminei a prova, no dia 18 de outubro, não pensava que tinha feito tantos
pontos. Dois dias depois saiu o gabarito e conferi minha prova. Fui até uma
costureira que sempre costura minha roupa quando rasga e ela me disse: 'Você
passou; fez 85% da prova'. Fiquei tão emocionado que não sabia o que
fazer."
A vida nas
ruas da cidade do interior de Minas começou em 2005, cinco anos depois de ter
saído de Ilhéus. Naquela época, se separou da ex-mulher e perdeu o emprego.
"Entrei
em depressão, comecei a usar álcool e só parei há cinco anos, quando vi a morte
de perto. Hoje durmo na varanda de um bar e faço bico nas casas e restaurantes
da cidade para sobreviver", conta.
A escolha
pelo cargo de coveiro, segundo ele, foi por considerar ter habilidade com
trabalhos braçais.
Para
estudar, Valter contou com a ajuda da assistente social Maria Augusta de
Lacerda Ferreira, diretora do Creas (Centro de Referência Especializado de
Assistência Social) de Patos de Minas. Ela o encontrou nas ruas há três anos e
começou a ajudá-lo a melhorar de vida.
Depois de
indicar o morador de rua para cinco empregos diferentes e ter resposta negativa
em todos eles, a assistente social viu no concurso a oportunidade para que ele
mudasse de vida. Maria Augusta, então, imprimiu para ele provas, simulados,
notícias e os cadernos de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) dos
últimos dois anos.
"Ele
chegou a fazer até três provas em um dia só. A gente sabia que ele estudava nas
praças e na rua com os livros que ele buscava aqui. Vi muita dedicação por
parte dele e o resultado foi merecedor", conta ela. "Eu não fiz nada
além da minha função, mas a sensação de felicidade que tive foi a mesma que se
um filho tivesse passado. Isso prova que vale a pena ajudar."
Valter
Fonseca ainda está vivendo na rua e aguarda o concurso ser homologado para ser
chamado e começar a trabalhar.
"Eu
quero sair das ruas. Meu maior sonho é começar a trabalhar para ter a renda
própria e conseguir recomeçar minha vida em um lar."
Uol
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