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segunda-feira, setembro 23, 2019

Monitor da Violência: mais de dois anos depois, 64,22% dos casos de mortes violentas em uma semana no Ceará estão em aberto


Mais de dois anos depois, 64,22% dos 123 casos de mortes violentas no Ceará de 21 a 27 de agosto de 2017 ainda estão em investigação. Do total, apenas 14,63% resultaram em prisão (21 presos), 22,76% casos foram concluídos e somente dois chegaram a ter julgamento.

A maioria dos casos são crimes de homicídio, com arma de fogo, além de dois suicídios e um feminicídio ocorrido no município de Icó.

Os dados são do Monitor da Violência, levantamento exclusivo do G1 que mapeou 1.195 mortes na quarta semana de agosto de 2017 em todo o Brasil e acompanha estes casos por meio de 230 jornalistas no país. O Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública são parceiros no projeto.

Em 2018, foi publicado o primeiro balanço, e dois anos depois das mortes, os avanços são poucos. No país, quase a metade segue em investigação na polícia. Um em cada cinco casos teve uma prisão efetuada, e menos de 5% têm condenado.

A Secretaria da Segurança do Ceará se manifestou sobre o levantamento afirmando que vem reduzindo os Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) há 17 meses seguidos (de abril de 2018 a agosto de 2019), no Ceará, e há 18 meses, na capital. Segundo a secretaria, o índice de resolutividade desses crimes no estado é de 37,31%, conforme dados cadastrados no Sistema Gerenciador de Homicídios (SGH) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE).

A Justiça do Ceará analisou 88 dos 123 casos do Monitor da Violência. Em nota, o Tribunal de Justiça afirmou que 13 deles se tornaram ação penal.

PÁGINA ESPECIAL: quem são as vítimas e o andamento dos casos

ANÁLISE DO NEV-USP: A engrenagem que fortalece as tiranias armadas do tráfico e das milícias


ANÁLISE DO FBSP: Um cenário de indiferença e apocalipse ético

METODOLOGIA: Monitor da Violência

Morto por engano
Um dos assassinatos com inquérito aberto é de Carlos Augusto Paulino dos Santos, 34 anos, que havia saído de Itarema para a capital à procura de emprego, e não tinha envolvimento com o crime. A família acredita que o homem foi morto por engano.

Dois homens armados e com rostos cobertos invadiram a casa de Santos no Bairro Siqueira em 26 de agosto, e dispararam tiros contra a vítima, que teve nove lesões.

As investigações policiais não evoluíram e ninguém foi preso pelo crime até o momento.

Casal assassinado
No domingo de 27 de agosto de 2017, Francisco Alan Diniz Tabosa, 24 anos, foi morto a tiros no Bairro Jangurussu. Horas depois, a namorada dele, a adolescente de 14 anos Ana Bianca Santos, também foi vítima de assassinato por arma de fogo no mesmo bairro.

Ela levou 12 tiros e teve lesões na cabeça, tórax e tronco, segundo fonte ligada às investigações do caso.

A polícia havia registrado a morte do rapaz na Rua Maria Elizângela. Um ano depois, a informação foi corrigida e o homicídio registrado na Rua do Pensamento, naquele bairro.

As investigações apontam para um possível conflito entre facções criminosas como motivação do crime, já que Francisco Alan teria mudado de bairro, indo morar em uma região “comandada” por facção rival.

A suspeita é de que a morte de Ana Bianca tenha relação com o assassinato do namorado.

Feminicídio
O único caso de feminicídio é de Patrícia Ferreira da Silva, de 25 anos, assassinada pelo ex-companheiro, que se matou em seguida, o agricultor José Ferreira Barbosa Filho, 34 anos. O caso ocorreu no sítio de Jajoca, comunidade de Três Bodegas, na zona rural de Icó. Segundo investigação da polícia civil de Iguatu, responsável pelo caso, as mortes foram motivadas pelo fim do relacionamento entre os dois.


Patrícia e Barbosa figuram entre os poucos casos encerrados entre os acompanhados pelo Monitor.

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