A demanda por água pode superar a disponibilidade desse recurso
natural, caso não sejam tomadas medidas para evitar o estresse hídrico. Índice
que mede a probabilidade dessa escassez de água ocorrer em diferentes
localidades pelo mundo, o risco hídrico atingiu níveis elevados em sete cidades
brasileiras, entre elas Fortaleza.
É o que indica estudo realizado pelo World Resources Institute
(WRI), instituto de pesquisa que divulga hoje a mais recente versão do Atlas
Aqueduct de Risco Hídrico. No relatório, foram mapeados 189 países de todo o
mundo, incluindo seus estados e municípios.
Para o cálculo foram utilizados 13 indicadores de risco hídrico —
incluindo como está a situação das florestas que protegem as nascentes dos
rios, a sazonalidade climática da região, além de análise da porcentagem da
água imprópria para uso e as condições de saneamento.
"Um país sob risco hídrico está em condição de alerta, em que
tanto a população pode sofrer com a falta de água como o crescimento econômico
pode ser afetado", explica o biólogo e economista do WRI Brasil, Rafael
Barbieri.
No ranking dos países com maior risco hídrico, liderado pelo Catar,
o Brasil não figura nem mesmo entre os 100 primeiros, tendo grande parte do
território com índices entre médio e baixos. Contudo, sete cidades brasileiras
possuem nível alto de risco hídrico, o que as colocaria, caso fossem um país,
entre os 34 primeiro colocados.
"Essas cidades são em regiões metropolitanas que têm uma alta
densidade populacional, bastante produção industrial que consome água e os
recursos naturais de água bem depreciados", relata Barbieri.
As duas capitais do Nordeste na lista — Fortaleza e Recife —
possuem um agravante, continua ele, porque, embora localizadas no litoral, são
abastecidas por bacias hidrográficas do interior dos respectivos estados, no
qual o clima predominante é o semi-árido.
Sobre o assunto:
Atraso nos repasses adia entrega do Cinturão das Águas para 2020
Pesquisa realizada pelo professor Francisco Assis Souza, do
Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do
Ceará, corrobora com os resultados encontrados pelo WRI. Em análise
comparativa, ele relata que, em 1994, o consumo da Região Metropolitana de
Fortaleza era de 5 m³/segundo. Em 2012, a demanda tinha mais que duplicado,
para 12 m³/segundo.
A demanda, que não é atendida apenas por mananciais locais, tende a
aumentar a dependência da Capital em recursos vindos de outras regiões.
"Projetando para o ano de 2040, vamos chegar, em alguns cenários, a 20
m³/seg. Vamos passar a necessitar da Transposição do São Francisco para atender
toda a demanda", ressalta.
Sobre o assunto:
Quais as saídas para evitar uma crise hídrica
O M³/Seg
Um metro cúbico por segundo, explica o professor Francisco Assis,
equivale a mil garrafas de um litro sendo preenchidas a cada segundo. Em
Fortaleza, são consumidos entre 9 e 12 metros cúbicos, ou m³, por segundo, o
que pode chegar a 32 milhões de m³ de água sendo consumidos na Capital e Região
Metropolitana.
Qual a diferença?
Estresse hídrico
O estresse hídrico ocorre em diferentes localidades em que a
quantidade de água disponível é menor do que a necessária para que a população
seja atendida e que para setores da economia (comércio, indústria, agricultura)
possam funcionar. O estresse pode ocorrer tanto por uma escassez de mananciais
hídricos ou por um excesso de consumo de água. Os níveis de pluviosidade e
evaporação de cada região também influenciam.
Risco hídrico
O risco hídrico é a probabilidade de a situação de estresse hídrico
ocorrer. O conceito funciona como um alerta para determinadas regiões, nas
quais a demanda pela água começa a ameaçar se sobrepor aos recursos existentes
na localidade. Reuso de água, investimento em saneamento e planejamento dos
recursos hídricos são apontados como ferramentas para impedir o estresse
hídrico.
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