quarta-feira, agosto 07, 2019
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Espera por cirurgia traumatológica atinge mais de 3 mil pessoas no Ceará, diz sindicato de médicos
Espera por cirurgia traumatológica atinge mais de 3 mil pessoas no Ceará, diz sindicato de médicos
O Sindicato dos Médicos do Ceará aponta que 3.200 pacientes estão à
espera de próteses e outros procedimentos eletivos nos hospitais públicos do
estado. — Foto: Nah Jereissati/ SVM
O Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) aponta que 3.200 pacientes
estão à espera de próteses, solução para fraturas graves e outros procedimentos
eletivos nos hospitais públicos do estado. O número oficial, porém, não foi
informado pelo Secretaria da Saúde (Sesa) e nem pelo Ministério da Saúde (MS),
apesar da insistência da reportagem do G1.
Por meio de nota, a Sesa admitiu que "existe um grande número
de pacientes em fila para cirurgias eletivas", mas avalia que "é
preciso não só organizá-la, como qualificá-la, com a identificação dos
pacientes que realmente precisam e o nível de urgência com que têm de ser
realizados" os procedimentos.
Já o Ministério da Saúde limitou-se a informar que destinou mais de
R$ 4,3 milhões ao Ceará, no último dia 29, para a realização de cirurgias
eletivas de agosto a dezembro deste ano. Até então, R$ 1,9 milhão já havia sido
repassado "obedecendo aos critérios da estratégia de ampliação do
acesso", destaca a pasta federal.
Dificuldade
Conseguir dados sobre o total de pacientes que estão na fila para
cirurgias eletivas é avaliado pelo presidente do Simec, Edmar Fernandes, como
"difícil, porque o Governo não quer que a sociedade conheça essa
realidade". Segundo o médico, até mesmo as solicitações da entidade não
são atendidas. "A Secretaria alega dificuldades técnicas e não fornece.
Levamos de três a quatro meses para obter os dados", cita.
Quem vive a incerteza da espera por um procedimento, o tempo é
ainda maior. Há mais de um ano, a agente comunitária de saúde Jerúsia Freitas,
43, aguarda a troca completa da prótese do quadril, implantada há uma década,
após um acidente de trânsito que a obrigou operar fêmur, quadril e bacia.
"Já está desgastada, mas a troca não é feita no Ceará, porque
precisa de um enxerto ósseo, e aqui não tem banco de ossos. Entrei na fila em
2017, mas me disseram que quem entrou em 2009 tá conseguindo agora. Ou seja,
nenhuma previsão pra mim. Tenho sentido muita dor e dificuldade de caminhar. E
não tenho condições de pagar por uma cirurgia dessas", lamenta a agente de
saúde, que pretende recorrer à Justiça para conseguir o procedimento.
De acordo com Edmar Fernandes, às vezes, uma cirurgia é suspensa em
função da falta de "fio, luva, antibiótico". O quadro poderia ser
melhorado caso o estoque de itens tivesse uma reposição. "Se a
disponibilidade desses materiais aumentasse, a fila diminuiria e o número de
leitos para pessoas que estão precisando cresceria. Muitos morrem esperando
cirurgias, outros ficam com sequelas, tornam-se incapazes e dependentes do
Estado”, avalia o médico.
Mais procedimentos em atraso
Para além das cirurgias traumatológicas, há pacientes ainda no
aguardo de outros tipos de procedimentos. A dona de casa Rosa Duarte, 33,
espera há pelo menos cinco anos por uma traqueostomia para solucionar a
insuficiência respiratória do filho Jonas, de 2 anos e meio. "Da última
vez que liguei pro (Hospital Infantil) Albert Sabin, há dois meses, tinha 227
pessoas na frente dele. Muitas crianças vão saindo da fila porque não
resistem", lamenta a mãe do garoto.
No dia 31 de julho, o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) foi
questionado pela reportagem sobre quantos pacientes aguardam na fila por
procedimentos cirúrgicos, quais os critérios de posicionamento dos pacientes na
fila e quantos já foram operados neste ano, mas não obteve resposta até a
publicação desta matéria.
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