quinta-feira, abril 25, 2019
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Governo vai liberar R$ 40 milhões extras em emendas a cada deputado que votar pela reforma da previdência
Governo vai liberar R$ 40 milhões extras em emendas a cada deputado que votar pela reforma da previdência
Líderes de cinco partidos governistas confirmaram à Folha que o
ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ofereceu destinar um
extra de R$ 40 milhões em emendas parlamentares até 2022 a cada deputado
federal que votar a favor da reforma da Previdência no plenário da Câmara.
A proposta foi feita na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), na semana passada.
A estratégia de Onyx representa um acréscimo de 65% no valor que
cada deputado pode manejar no Orçamento federal de 2019 para obras e
investimentos de infraestrutura em seus redutos eleitorais.
Hoje, os congressistas têm direito a R$ 15,4 milhões em emendas
parlamentares. Com os R$ 10 milhões extras por ano, esse valor pularia para R$
25 milhões.
O extra viria de rubricas de fora do volume reservado para as
emendas, mas, segundo os deputados, o ministro não entrou em detalhes sobre a
fonte.
Os deputados têm direito a emendas impositivas e, caso seja
aprovada a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento impositivo, a
partir de 2020, também passarão a ser de execução obrigatória os recursos de
bancada.
Os valores propostos por Onyx, no entanto, não estão dentro de
nenhum desses recursos.
Segundo técnicos, não existe a previsão legal de “emendas
extraorçamentárias”, mas a prática é recorrente entre políticos.
A Folha confirmou a existência da proposta com deputados do DEM,
PP, PSD, PR, PRB e Solidariedade.
Todos passaram a informação mediante a condição de que não tivessem
o nome publicado.
A reportagem enviou questionamentos no fim da tarde e início da
noite desta terça-feira (23) ao presidente da Câmara e ao ministro da Casa
Civil do governo Jair Bolsonaro (PSL), mas não obteve resposta.
Uma das principais promessas de campanha de Jair Bolsonaro foi
colocar um fim no chamado “toma lá dá cá”, que é a antiga prática de governos
obterem apoio no Congresso em troca de cargos federais, verbas do Orçamento ou
outras benesses da máquina pública.
A reforma da Previdência é a principal proposta deste início de
gestão Bolsonaro. O texto foi apresentado ao Congresso Nacional no dia 20 de
fevereiro.
A proposta elaborada pela equipe econômica do ministro Paulo Guedes
promete uma economia de mais de R$ 1 trilhão aos cofres públicos nos próximos
dez anos.
O texto está em fase inicial de tramitação e foi votado na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) na noite desta terça (24).
A proposta teve dificuldade nesta primeira fase, na qual teve a
votação adiada pelo menos três vezes: a previsão inicial do governo era que a
constitucionalidade fosse analisada até o meio de março.
Na CCJ, a proposta andou apenas depois de o governo ceder e fechar
acordo com os partidos do centrão para desidratar o texto já no primeiro
colegiado. A CCJ é responsável por avaliar a constitucionalidade da proposta.
O governo e Maia defendiam que só se mexesse no texto na segunda
fase. Após a votação de admissibilidade, a PEC precisa passar ainda por uma
comissão especial, na qual terá analisado o mérito de toda a proposta.
Lá, a expectativa é que o texto seja ainda mais desidratado: já há
consenso entre líderes da maioria dos partidos para que sejam alterados os
pontos referentes à aposentadoria rural e ao BPC (Benefício de Prestação
Continuada), pago a idosos miseráveis.
Depois, se aprovada, a PEC irá ao plenário, onde precisará do apoio
de pelo menos 308 deputados, em dois turnos, dos 513 deputados para seguir
adiante.
A previsão de aliados de Maia é que a reforma seja votada no
plenário da Casa apenas no segundo semestre deste ano.
Partidos do chamado centrão —PP, PR, PTB, PSD, PRB, entre outros—
cobram da gestão Bolsonaro participação no governo e maior empenho na liberação
das emendas para aprovar a medida.
Segundo os parlamentares ouvidos pela Folha, apesar da proposta de
Onyx, não foi celebrado um acordo.
Alguns deles dizem desconfiar da palavra do Planalto, afirmando que
nada garante que o governo irá cumprir a promessa pelos próximos quatro anos.
Uma ala defende a liberação dos recursos e vê com bons olhos a
iniciativa de negociação do governo.
Segundo eles, é natural que parlamentares busquem contrapartidas
para seus estados e municípios em votações de temas difíceis.
FOLHAPRESS
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