sábado, março 09, 2019
Mulher ganha em média 79,5% do salário do homem, diz IBGE
Em 2018, as mulheres representavam 45,3% da força de trabalho,
ganhavam 79.5% do total do salário pago ao homem e tinham uma jornada semanal
de trabalho menor em 4,8 horas, sem considerar o tempo dedicado a afazeres
domésticos e cuidados de pessoas. No mesmo ano, o rendimento médio total das
mulheres ocupadas com idade entre 25 e 49 anos era de R$ 2.050, enquanto o dos
homens chegava a R$ 2.579, nesse mesmo grupo etário. O valor médio da hora
trabalhada era de R$ 13,0 para as mulheres, correspondendo a 91,5% da hora
trabalhada para os homens, que chegava a R$ 14,2. Estas são algumas das
principais conclusões do estudo Diferença do rendimento do trabalho de mulheres
e homens nos grupos ocupacionais – Pnad Contínua 2018, que o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (8).
O estudo analisou as horas
trabalhadas, a cor ou raça, a idade, o nível de instrução das mulheres e dos
homens ocupados de 25 a 49 anos. Também foi avaliada a distribuição nos
grupamentos ocupacionais e as diferenças do rendimento médio real entre
mulheres e homens. Segundo o levantamento, a população ocupada de homens e
mulheres entre 25 a 49 anos totalizava 56,4 milhões de pessoas no Brasil em
2018. Esse contingente era composto por 54,7% de homens e 45,3% de mulheres.
Segundo o IBGE, “essas estimativas não apresentaram variações importantes desde
2012, mostrando o predomínio da participação masculina no contingente de
ocupados”. No que diz respeito à jornada semanal de trabalho, a pesquisa do IBGE
constatou um número inferior de horas trabalhadas na semana para as mulheres.
Em média, o homem trabalhava 42,7 horas, enquanto a mulher 37,9 horas, o que
leva às cerca de 4,8 horas a menos na jornada semanal da mulher em 2018. “A
redução dessa diferença em comparação a 2012, quando era de 6 horas, foi
decorrente da redução das horas trabalhadas ter sido mais acentuada entre os
homens, que tiveram uma queda na carga horária de 1,6 hora, enquanto entre as
mulheres esta queda foi apenas 0,4 hora”, constata a pesquisa. Comparação por
idade Outro aspecto avaliado pelo estudo foi a razão do rendimento de mulheres
e homens, segundo os grupos de idade. Neste estudo o IBGE desagregou a
população em três grupos etários: 25 a 29 anos, 30 a 39 anos e 40 a 49 anos de
idade. Sobre este aspecto da análise, o estudo constatou que em todos os anos
da série, “a tendência de queda da razão do rendimento da mulher em relação ao
homem com o crescimento da idade”. Em 2018, por exemplo, a mulher ocupada de 25
a 29 anos de idade recebia 86,9% do rendimento médio do homem; quando a faixa
etária subiu para o intervalo de 30 a 39 anos este rendimento caiu para 81,6%;
reduzindo na faixa entre 40 e os 49 anos: 79,4%. Nesse último grupo, o
rendimento médio da mulher era, em 2018, de R$ 2.199, enquanto o dos homens
chegava a R$ 2.935; no primeiro (25 a 29 anos de idade) os valores eram de
R$1.604 no caso das mulheres e de R$ 1.846 no dos homens. O movimento de queda
da proporção de rendimento recebido pelas mulheres mais velhas, em 2018, estava
diretamente ligada à redução da jornada média de trabalho: no grupo de 25 a 29
anos de idade ela trabalha cerca de 3,6 horas a menos que o homem da mesma
idade; já no grupo de 40 a 49 anos a diferença chega a 5,4 horas. Cor e raça A
série de rendimento médio do trabalho habitual da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostra discrepância e diferença
importante, e maior, entre o rendimento do homem e da mulher quando a população
ocupada é desagregada pela cor ou raça. Considerando-se a cor ou raça, a
proporção de rendimento médio da mulher branca ocupada em relação ao do homem
branco ocupado (76,2%) era menor que essa razão entre mulher e homem de cor
preta ou parda (80,1%). O entendimento do IBGE é de que, esta desigualdade
menor entre o rendimento de pretos e pardo “pode estar relacionada ao fato
dessa população [preta ou parda] ter maior participação em ocupações de
rendimentos mais baixos, muitas vezes, baseadas em piso mínimo. E esse
comportamento ocorreu em todos os anos da série, de 2012 até 2018”, explica.
Neste caso, o rendimento médio da população ocupada de cor preta ou parda
correspondia, em média, a 60,0% daquela de cor branca. “Além da diferença de
rendimento existente entre cor ou raça na população ocupada total, a
desagregação simultânea do rendimento médio, por cor/raça e sexo, permaneceu
mostrando que as mulheres, sejam elas brancas, pretas ou pardas, têm rendimento
inferior ao dos homens da mesma cor”. Nível de instrução Uma constatação
importante levantada pelo IBGE no estudo Diferença do rendimento do trabalho de
mulheres e homens nos grupos ocupacionais – Pnad Contínua 2018 diz respeito ao
nível de instrução da população ocupada de 25 a 49 anos, que tem aumentado ao
longo da série: “Com crescimento da proporção de pessoas com, pelo menos, o
ensino médio completo e o nível superior”, ressalta o instituto. O levantamento
indica que, em 2012, 13,1% dos homens ocupados tinham o ensino superior,
passado para 18,4% em 2018, um aumento de 5,3 pontos percentuais. Entre as
mulheres essa estimativa foi 16,5% para 22,8%, entre 2012 e 2018 – um aumento
ainda maior: 6,3 pontos percentuais. Apesar deste aumento da escolaridade
constado no estudo, as discrepâncias continuaram a se fazer presentes e, neste
caso, não só entre homens e mulheres mas também entre os diversos níveis de
instrução. “Em 2018, o rendimento médio mais baixo, segundo o nível de
instrução, era o da mulher do grupo sem instrução e fundamental incompleto (R$
880), enquanto o mais elevado era recebido por homens de Nível superior
completo (R$ 5.928)”, constatou a pesquisa. Com exceção de 2012, a razão do
rendimento entre mulheres e homens sem instrução e fundamental incompleto
alcançava o percentual mais elevado entre todos os níveis de instrução, atingindo
68,6% em 2016. “Enquanto entre os anos de 2012 a 2014 a razão apresentava
trajetória de crescimento com o nível de instrução; nos anos de 2017 e 2018, a
tendência se invertia com as mulheres de nível superior completo obtendo os
menores percentuais: (62,7% em 2017) e (64,3% em 2018)”. Grupamentos
ocupacionais Considerando-se as ocupações selecionadas no estudo, a
participação das mulheres era maior entre os trabalhadores dos serviços
domésticos em geral, respondendo por 95% do total; seguido dos professores do
ensino fundamental , com 84,0%; trabalhadores de limpeza de interior de
edifícios, escritórios, hotéis e outros estabelecimentos, com 74,9% de
participação; e dos trabalhadores de centrais de atendimento, com 72,2%. No
grupo de diretores e gerentes, as mulheres tinham participação pequena (41,8%)
e seu rendimento médio (R$ 4.435) correspondia a 71,3% do recebido pelos homens
(R$ 6.216). Entre os profissionais das ciências e intelectuais, as mulheres
tinham participação majoritária (63,0%) mas recebiam 64,8% do rendimento dos
homens. O grupamento ocupacional com a menor desigualdade é o dos membros das
forças armadas, policiais, bombeiros e militares, no qual o rendimento das
mulheres equivale, em média, a 100,7% do rendimento dos homens. As ocupações com
maior nível de instrução também mostram rendimentos desiguais entre homens e
mulheres. Entre os Professores do Ensino fundamental, as mulheres recebiam
90,5% do rendimento dos homens. Já entre os Professores de universidades e do
ensino superior, o rendimento das mulheres equivalia a 82,6% do recebido pelos
homens. Outras ocupações de nível de instrução mais elevado, como Médicos
especialistas e Advogados, mostravam participações femininas em torno de 52% e
uma diferença maior entre os rendimentos de mulheres e homens, com percentuais
de 71,8% e 72,6%, respectivamente.
Agência Brasil
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