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Filha de João de Deus diz que foi clique aqui abusada dos 10 aos 14 anos de idade
Filha de João de Deus diz que foi clique aqui abusada dos 10 aos 14 anos de idade
Dalva Teixeira, de 49 anos, filha de João Teixeira de Farias —
médium conhecido como João de Deus —, afirmou em entrevista à revista
"Veja" que foi abusada pelo pai pela primeira vez aos 10 anos. No
relato, que será publicado na edição desta semana da revista, Dalva conta que,
na ocasião, o pai a mandou ficar nua e passou o pênis por todo seu corpo. Os
abusos aconteceram até seus 14 anos, quando ficou grávida de um funcionário de
João e foi espancada pelo médium, a quem chama de "monstro", por
conta disso. Os primeiros relatos de que João de Deus teria abusado sexualmente
de fiéis foram revelados pelo GLOBO e pelo programa “Conversa com Bial”, da TV
Globo, no último sábado. Desde então, mais de 300 mulheres denunciaram o médium
ao Ministério Público.
Ele nega as acusações.
— Ele me levou para o quarto dele, tirou minha roupa toda e eu achei
aquilo estranho. Aí eu perguntei: o que você está fazendo? E ele disse: o pai
vai fazer um trabalho espiritual com você com Dom Inácio de Loyola, aí ele
pegou, ficou pelado, se despiu todo e começou a passar o pênis dele no meu
corpo todo. Aí ele pegou e foi. Aí eu falei: "ai, está me
machucando", e ele em cima de mim. E eu: "está me sufocando". Aí
eu peguei e saí correndo — relatou Dalva.
De acordo com ela, na ocasião, João de Deus estava brigado há três dias
com a mulher — madrasta de Dalva — e chegou da fazenda com uma vela. Então
pediu que a filha marcasse a vela com a unha e disse: "o pai vai ter que
ficar com você até que o fogo chegue nessa marca, porque eu vou fazer um trabalho
espiritual com você". A então mulher de João de Deus estava na casa quando
o abuso aconteceu. A filha do médium
revelou que os abusos aconteciam em casa, no carro, nos passeios que faziam em
família e em quartos da residência de amigos.
Dalva também contou à revista que passou a viver com João de Deus
somente aos 9 anos de idade. Até então, morava apenas com a mãe e sequer
conhecia o pai. — A gente era criada na
roça, de família humilde. Aí chegou aquele homem, poderoso. “Eu olhei e disse:
‘Não, esse homem não é meu pai”. Mas era. Minha mãe pediu que ele me levasse
para a cidade, para eu estudar. Ele me trouxe para Anápolis, para morar com
ele. Começou aí todo o inferno da minha vida — afirmou ela.
Segundo Dalva, os abusos duraram até seus 14
anos, quando ela engravidou de um homem que trabalhava para o pai e foi
espancada por ele: — Meu pai clique aqui
descobriu que eu estava grávida, me bateu muito, com vara de ferrão, com aquele
negócio de laçar boi que tem uma bola de cimento na ponta. Aí falou que eu não
ia casar. Me bateu muito, eu fui para o hospital muito machucada, fora de si —
relatou Dalva a "Veja" — Aí eu saí do hospital e fui para casa da
minha tia acompanhada de enfermeira, porque eu estava sangrando pela vagina,
porque estava grávida. Ele pisou muito na minha barriga. Ele falava: "eu
vou te matar, eu vou te matar, você está grávida". Com fala simples, cometendo por vezes erros
de português, mas com relatos precisos, Dalva contou que essa relação de abuso
e violência a marcaram para o resto de sua vida: — Descontei tudo na bebida, na droga. Entrei
nessa por desespero, mágoa, sofrimento, porque o pai que conheci com quase 10
anos não foi um pai. Foi minha destruição.
Em 2016, Dalva doí internada em uma clínica de reabilitação para
dependentes químicos. No ano seguinte, os filhos dela, Paulo e João Paulo — os
dois já maiores de idade —, entraram com um processo judicial contra João de
Deus. Eles pediam uma indenização por danos morais sofridos pela mãe. Foi aí
que falaram pela primeira vez dos abusos cometidos pelo avô. No entanto, Dalva
relata que foi procurada por João de Deus na clínica onde estava e o médium
teria dito que, por causa da ação na Justiça, a vida dos netos estaria em
risco. Ela entendeu isso como uma ameaça e concordou em parar o processo. Dalva disse que relutou em denunciar João de
Deus por medo de prejudicar os filhos, que até hoje são sustentados pelo avô.
Ela também afirmou que muitos advogados que procurou se recusaram a pegar a causa
por receio de enfrentar o médium. Ela
confia nos muitos relatos de outras mulheres que surgiram até agora: — Nenhuma dessas mulheres mentiu. Eu sei que
elas estão dizendo a verdade. E isso eu senti na pele. Eu sofri. Ele dizia que
não existia Deus, que Deus era ele. Ele dizia: "Eu sou Deus". Na última quarta-feira, dia 12, cinco dias
depois que as primeiras denúncias de outras mulheres vieram a público, Dalva
relatou formalmente suas acusações ao Ministério Público, como parte de um
processo que corre há quatro meses em segredo de Justiça. O MP já soma mais de 300 denúncias recebidas
contra João de Deus — entre elas, a de Dalva. Se confirmadas, as acusações
devem levar o médium a uma pena expressivamente maior do que a do médico Roger
Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão sob a acusação de ter estuprado 39
mulheres. Desde outubro de 2017, o médico cumpre pena atualmente em prisão
domiciliar. O Globo
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