terça-feira, outubro 09, 2018
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Mestre de capoeira é morto com 12 facadas por se mostrar contrário a Bolsonaro
Mestre de capoeira é morto com 12 facadas por se mostrar contrário a Bolsonaro
Uma discussão por motivação política acabou em morte para
o compositor e capoeirista Romualdo Rosário da Costa, 63 anos, mais conhecido
como Moa do Catendê. Com versos imortalizados na voz de Caetano Veloso, Moa
estava em um bar perto de casa, na comunidade do Dique Pequeno, no Engenho
Velho de Brotas, quando acabou esfaqueado por outro morador da localidade, após
se mostrar contrário ao candidato Jair Bolsonaro. O crime ocorreu por volta da
meia noite.
Irmão de Moa, Germinio do Amor Divino Pereira, 51 anos,
também foi atingido com um golpe de faca no braço direito durante a confusão e
foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde permanece internado e
sedado. Na ocorrência do posto policial do HGE, testemunhas identificaram o autor
das facadas como Paulo Sergio Ferreira.
Segundo o irmão das vítimas, Reginaldo Rosário, 68 anos,
Moa estava bebendo com ele e o irmão que foi ferido, no Bar do João, quando o
autor da facada teria começado a defender a ideias do candidato do PSL e ouviu
críticas do capoeirista.
"Moa ponderou que ele era negro e que o cara ainda
era muito jovem e que não sabia nada da história. Moa disse ainda que ele tinha
consciência do quanto o negro lutou para chegar onde chegou e o quanto
Bolsonaro poderia tirar essas conquistas se chegasse ao poder", disse
Reginaldo.
Autor do crime foi em casa buscar uma faca
Ainda de acordo com o irmão das vítimas, após a discussão
acalorada um dos irmãos teria pedido que Moa ficasse calmo, no entanto, após a
situação ter sido contornada, o autor da facada teria ido em casa, retornou com
uma faca e já foi atacando a vítima, a
atingindo nas costas com uma peixeira. "Foi tudo muito
rápido", disse.
A filha do artista Moa, Jesse Mahi, disse que o pai tinha
um comportamento tranquilo e que se mostrava favoráveis às ideias do Partido
dos Trabalhadores (PT), mas nunca tinha se envolvido em discussões políticas.
"O legado dele não acabou, existe muito a ser feito.
Meu pai era fanático pelo partido, ele nunca foi a favor dos princípios da
direita", disse.
Uma amiga do compositor, Inácia Alves, 51, diz que Moa
era um agitador cultural do bairro que sempre foi preocupado com a conquista
das minorias. "Não consigo descrever tanto ódio. É só o começo do que está
por vir. Essa atitude representa o partido e suas ideias", lamenta.
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