
A febre do vale é uma infecção causada pelo fungo Coccidioides
posadasii, registrada no Brasil desde a década de 1990. Segundo Rita Cecília
Martins Galvão, médica do município de Independência que atendeu os casos, a
região do Nordeste, por ser semirárida, é considerada uma região endêmica desse
fungo.
Caça de tatus
Os casos registrados no Ceará estão relacionados principalmente à
caça de tatus no interior. As duas pessoas mortas pela doença tinham histórico
de prática da caça, segundo a médica. De acordo com a secretaria, o adoecimento
pode acontecer com a exposição a partículas infectantes presentes no solo.
Porém, essa exposição deve ser intensa.
“O exemplo mais comum é a prática de caçar tatus em que o caçador
entra na toca em busca do animal e se expõe ao fungo”, explica a secretaria.
Ainda de acordo com a médica Cecília Martins, trabalhadores da
construção civil, agricultores e pessoas que ficam expostas intensamente ao
solo estão sujeitas à inalação do fungo. Conforme a médica, a doença não é
contagiosa.
“A maioria dos casos é assintomático e se resolve espontaneamente.
Os sintomas são de infecção respiratório aguda: tosse, febre. Normalmente, eles
se resolvem espontaneamente, mas em uma parcela pequena, eles progridem. Esses
casos que progridem ou tem comprometimento pulmonar ou podem levar à óbito”,
esclarece a médica.
Os casos de Independência foram registrados de setembro a dezembro,
e as mortes ocorreram em um intervalo curto após a internação do paciente.
“Em independência, os recursos para o diagnóstico da doença são
limitados. Os pacientes são encaminhados para o hospital São José [em
Fortaleza], e iniciam tratamento lá. Cinco casos é considerado muito porque é
uma doença rara. No Ceará, não tem 100 casos registrados”, destaca Cecília
Martins.
Pacientes jovens
As vítimas são em maioria jovens de 20 a 30 anos, do sexo
masculino, e não possuem doenças associadas. As duas mortes pela "febre do
vale" registradas eram de rapazes de 21 e 26 anos de idade.
A Secretaria da Saúde lembra que em 60% dos casos a infecção tem
resolução espontânea.
A secretaria enviou à cidade epidemiologistas de campo para
realizar atividades de esclarecimento à população sobre as formas de prevenção;
busca de novos casos na comunidade; além de reunião técnica com os
profissionais de saúde do município para orientação sobre a conduta clínica
adequada diante de casos suspeitos.
Por Cinthia Freitas, G1 CE
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