O risco de redução de verbas federais e descontinuidade da Operação
Carro-Pipa em Estados do Nordeste, como o Ceará, admitido no início desta
semana pelo Alto Comando do Exército, obteve ampla repercussão no Interior
cearense entre lideranças políticas e comunitárias. Gestores municipais
mostraram que no período de agosto a dezembro aumenta a demanda por água no
sertão, necessitando ampliar a distribuição do recurso hídrico. "Esse
anúncio preocupa todos nós e precisamos dar um grito de alerta porque o momento
é de ampliar, e não reduzir a oferta de água", disse o vice-presidente da
Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) e prefeito de Cedro,
Nilson Diniz. "Todos os prefeitos estão preocupados com o quadro de
escassez de água que vai se agravar nos próximos meses". De acordo com o Ministério
da Integração Nacional, o Ceará, atualmente, tem 138 municípios atendidos pela
Operação Carro-Pipa Federal, que beneficia mais de 1,6 milhão de pessoas que
residem em áreas rurais do Estado.
A característica geográfica do Semiárido cearense no decorrer do segundo
semestre de cada ano é a ausência de pluviometria, maior consumo de água em
decorrência do calor e da evaporação das reservas hídricas dos açudes. "A
água é um bem essencial, uma prioridade, e os recursos para as ações de
abastecimento como carro-pipa e perfuração de poços precisam ser
ampliados", evidenciou Nilson Diniz.
O vice-presidente da Aprece disse que, ainda ontem, em Brasília,
iria chamar a atenção de parlamentares da bancada cearense para sensibilizar e
pressionar o governo federal afim de que o programa Carro-Pipa não apenas seja
mantido, mas ampliado.
O secretário executivo, da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do
Ceará, Aderilo Alcântara, afirmou ser preocupante a possibilidade de redução de
verbas. "É inadmissível e seria um absurdo. Estamos iniciando o período
mais crítico de estiagem, quando existe uma demanda crescente por poços
profundos e por carros pipas".
Alcântara observou, que neste últimos dois anos e meio, foram
perfurados cerca de 3800 poços, mas lamentou que alguns não deram vazão
suficiente para atender à demanda das comunidades rurais e urbanas, e outros
estão secando no atual período. "Não há alternativa, a ação emergencial é
o carro pipa para muitas situações".
Dezenas de cidades do Interior enfrentam crise de desabastecimento.
A instalação de caixas de água de polietileno modificou o cenário urbano de
vários municípios. Em Pedra Branca, Boa Viagem, Pereiro há centenas de
recipientes que funcionam como chafarizes para coleta e distribuição de água
aos moradores, implantados nas praças e esquinas.
A cidade de Solonópole corre risco de colapso nos próximos meses e
em Campos Sales a escassez do recurso hídrico é cada vez mais grave. Para
abastecer moradores de Catarina caminhões da Operação Pipa do Exército estão
indo coletar água a mais de 200 km, após Parambu, no vizinho Estado do Piauí.
O açude Adauto Bezerra, que abastecia a cidade de Pereiro, secou há
mais de três anos e os moradores dependem de água distribuída por caminhões
pipa.
O presidente do Comitê da Sub-Bacia Hidrográfica do Alto Jaguaribe,
César Cristóvão, reafirmou a necessidade de ampliação das ações de perfuração e
instalação de poços profundos e de distribuição de água por meio de
carros-pipa. "A necessidade por água está crescente e vai continuar assim
até a chegada do próximo período chuvoso".
Resposta
O Ministério da Integração Nacional, por meio de nota, esclareceu
que o Governo Federal não interrompeu e segue com a ação de abastecimento de
água emergencial, por meio da Operação Carro-Pipa, às famílias afetadas pelo
longo período de seca e estiagem no Nordeste. O investimento mensal é de R$ 80
milhões e segue regularmente.
A Pasta afirmou que a ação emergencial é dividida em dois eixos de
atuação: a Operação Carro-Pipa Federal, que atende áreas rurais, e a Operação
Carro-Pipa Estadual, para áreas urbanas, por meio das Comissões Estaduais de
Defesa Civil.
Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE
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