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terça-feira, junho 06, 2017

Estudo aponta três cidades cearenses entre as 30 mais violentas do País

A taxa de homicídios do Ceará cresceu 122,8% no Ceará de 2005 a 2015, segundo dados divulgados, nesta segunda-feira (5), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O estudo listou Maracanaú (6º), Fortaleza (13º) e Caucaia (27º) entre as 30 cidades mais violentas do País.

O Atlas analisou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, referentes ao intervalo de 2005 a 2015, e utilizou também informações dos registros policiais publicadas no 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do FBSP.

Para listar os 30 municípios potencialmente mais violentos do Brasil em 2015, o estudo considerou as mortes por agressão (homicídio) e as mortes violentas por causa indeterminada (MVCI).

 A capital cearense e São Luís, no Maranhão, são as únicas capitais brasileiras presentes nesta lista.

Nordeste com 18 das 30 cidades listadas

Conforme o estudo do Ipea intitulado Atlas da Violência 2017,  a taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Ceará em 2005 era de 21%. Já em 2015, chegou a 46,7%. No Brasil, o Ceará fica atrás somente do Rio Grande do Norte, Sergipe, Maranhão e Tocantins. Os estados que apresentaram crescimento superior a 100% nas taxas de homicídio no período analisado estão localizados nas regiões Norte e Nordeste.

Em relação ao número absoluto de assassinatos, o Ceará somou 32.191 na década 2005-2015, o que representa um crescimento de 145%. No somatório de homicídios, no Nordeste o estado fica atrá somente da Bahia (55.401) e Pernambuco (42.368). No geral, São Paulo lidera com 72.667.

VARIAÇÃO DA TAXA DE HOMICÍDIOS
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Custo envolvendo assassinato de jovens no Brasil equivale a 1,5% do PIB


Mais do que uma tragédia social, a alta taxa de homicídios de jovens no Brasil também tem reflexo econômico. Segundo os pesquisadores que elaboraram o Atlas da Violência no Brasil 2017, o custo envolvendo o assassinato de jovens entre 15 e 29 anos equivale a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, mesmo valor aplicado em políticas de segurança pública.

O estudo apontou que, em 2015, o Brasil registrou 50.080 assassinatos. "É como se caísse um Boeing 737 todos os dias no Brasil", comparou Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Do total de mortos naquele ano, 31.264 eram jovens e adolescentes, o que faz com que a média de assassinatos na população jovem seja o dobro da média nacional.

Na série histórica entre 2005 e 2015, 318 mil jovens e adolescentes foram vítimas de homicídio no Brasil. A população negra é a mais afetada pela violência. "A gente sabe que a violência tem cor também. O negro é o que está mais vulnerável. De cada 100 homicídios no Brasil, 71 são de negros", apontou Samira. "Tem outro fator: a taxa de homicídios entre não negros caiu 12,2%, enquanto que a de negros aumentou 18,2%." Entre mulheres, a diferença é ainda maior. "Em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas, não necessariamente por feminicídio", destacou a diretora do FBSP, alertando para o crescimento do número de mortes entre mulheres negras.  "Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios de mulheres não negras diminui 7,4%. Já entre as mulheres negras, cresceu 22%." 

Durante a apresentação do estudo, conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o pesquisador Daniel Cerqueira apontou a prevalência do número de armas de fogo nos casos de homicídio. Cerqueira apresentou um slide com a mesma arte utilizada pelo Ministério Público Federal do Paraná em uma das denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele colocou a inscrição "arma de fogo" em um círculo no centro do slide, com diversos outros círculos tipificando crimes apontando para o centro.

A semelhança não parou por aí. "Aí, vocês vão me perguntar: isso é só convicção? Não, nós temos provas", afirmou. O pesquisador citou estudos internacionais que fazem apontamentos sobre a relação entre armas de fogo e assassinatos e fez um paralelo com os dados levantados no Atlas da Violência. "Não por coincidência que os Estados em que têm maior prevalência de armas de fogo são também os que tiveram os maiores índices de homicídios", considerou.

Para ele, a redução nos índices de violência passa por políticas de segurança efetivas. "Quando existem governos comprometido com a segurança pública, mas não baseada no achismo, e, sim, no método, temos boas perspectivas", destacou. Ele citou os casos de Pernambuco e Espírito Santo, que chegaram a ter períodos de redução nos índices de assassinato.

Depois, citando o motim da Polícia Militar capixaba em fevereiro, período que registrou quase 200 assassinatos em menos de três semanas, lamentou. "Isso só mostra a fragilidade das ações que vêm sendo feitas no País." Para Samira Bueno, é necessária uma maior presença do governo federal na área de segurança. "A gente não vê outra saída que não um protagonismo da União em políticas de segurança pública, sobretudo voltadas aos homicídios."


Redação DN

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