quarta-feira, novembro 23, 2016
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Corpo encontrado em decomposição dentro de poste é identificado
Corpo encontrado em decomposição dentro de poste é identificado
O corpo encontrado
em decomposição dentro de um poste do Setor Jardim Europa, em Goiânia, foi
identificado na tarde desta segunda-feira (21).Trata-se de Dagoberto Rodrigues
Filho, de 68 anos, que estava no Instituto Médico Legal (IML) e foi
identificado por papiloscopistas da Polícia Civil. A família da vítima informou
a reportagem que ele foi carpinteiro, mas deixou de trabalhar devido a um
transtorno mental e costumava passar vários dias fora de casa.
A identificação foi
feita por meio de análise de digital. O corpo seguia no IML, até as 18h, pois
familiares ainda estão organizando todos os documentos necessários para fazer a
liberação.
Filha da vítima, a
auxiliar de contabilidade Adriane Rodrigues, de 36 anos, disse a reportagem que
o pai morava com ela, a mulher e o neto no Setor Aeroporto Sul, em Aparecida de
Goiânia, na Região Metropolitana. Segundo ela, o pai sempre trabalhou como
carpinteiro, mas há cerca de 17 anos começou a ter problemas mentais.
"Ele fazia
acompanhamento psicológico, mas não consegui internação para ele. Às vezes, ele
saía e ficava até cinco dias sumido, mas sempre voltava ou dava um jeito de
ligar para a gente buscar", disse a reportagem.
No último dia 7 de
novembro, Dagoberto voltou a sumir, mas, diferente das outras vezes, não entrou
em contato. A família começou a procurar e ir a clínicas e hospitais, mas não
conseguiu nenhuma informação sobre ele.
Adriane resolveu
pedir ajuda nas redes sociais. A família havia morado por 26 anos no Jardim
Europa, bairro onde o corpo foi encontrado. Uma antiga vizinha viu as fotos na
web e ligou para a auxiliar afirmando que um cheiro muito forte vindo de dentro
do poste que estava no canteiro central.
Naquele momento, a filha se lembrou de algo
que o pai uma vez lhe disse. "Das vezes em que ele saía, eu perguntava
onde ele dormia, que não precisava daquilo. E uma vez ele confessou que já
tinha dormindo dentro daquele mesmo poste. Na hora, me deu aquele estalo",
revela.
No entanto, a filha
e a polícia não souberam dizer como Dagoberto entrou no poste.
Adriane então esteve
no local e acompanhou parte do trabalho feito pelos bombeiros, que tiveram de
serrar o poste. Nesta manhã, esteve no IML com toda documentação do pai, mas,
ainda assim, não foi possível a identificação. O órgão só confirmou a
identidade após análise de digitais.
Pelo estado do
corpo, não será possível fazer velório. De acordo com Adriane, o pai será
enterrado na terça-feira (22), por volta das 9h, no Cemitério Vale da Paz, em
Goiânia.
Investigação
O corpo foi achado
dentro do poste na noite de domingo (20), no canteiro central da Avenida Viena,
no Jardim Europa, região sudoeste da capital. Segundo o delegado Francisco
Costa Júnior, que esteve no local, o poste é usado em redes de alta tensão.
Como ele é oco, possui uma abertura embaixo. "O poste estava deitado no
canteiro central. Agora, como essa pessoa entrou lá dentro, eu ainda não
sei", disse.
De acordo com a Delegacia Estadual de Investigação de
Homicídios (DIH), o caso será investigado pelo delegado Danilo Proto, a partir
da terça-feira.
Há alguns dias,
moradores da região já tinham acionado os bombeiros diante do cheiro forte nas
imediações onde o poste estava. Geralda Aparecida da Silva, dona de uma
pamonharia que fica em frente ao local onde o corpo foi encontrado, conta que
os fregueses do restaurante já estavam reclamando do mau cheiro. "Muito
ruim. Um cheiro muito forte que incomodava bastante", disse.
Rede de alta tensão
O poste onde o corpo
foi encontrado é um dos que estão deitados nos canteiros centrais de várias
vias da região sudoeste de Goiânia. Eles foram deixados no local há quase 3
anos para serem instalados nas obras de expansão de uma rede elétrica de alta
tensão, pela Companhia Energética de Goiás (Celg).
A estatal federal
Eletrobras suspendeu a obra há 2 anos, depois que um relatório do Banco
Internacional de Desenvolvimento (BID) apontou várias falhas no projeto de
implantação da rede. Agora, os moradores do bairro lutam para que as estruturas
sejam retiradas.
A Celg informou que
ainda não tirou os postes do local porque espera a obtenção do alvará de
construção e renovação da licença ambiental da Prefeitura de Goiânia para,
então, continuar as obras de implantação da linha de alta tensão. De acordo com
a companhia, o sistema é “imprescindível” para a melhoria do sistema e
atendimento aos próprios moradores.
A comerciante Soraia
Petroni denuncia que o lugar tem sido usado por traficantes de drogas. “Isso
daqui já é um ponto de drogas, a gente vê pessoas deixando coisas aí dentro. De
repente, passa outra pessoa e pega. Isso daqui já virou um ‘aviãozinho’ do
Parque Anhanguera”, reclama.
O comerciante Flávio
Ferreira é dono de uma loja que fica bem próximo aos postes. Ele afirma que a
morte é um dos vários problemas vividos pela população local. “Está aqui
abandonado, a Celg deveria, se tivesse um cuidado maior, esta morte e outras
coisas não teriam acontecido”.
G1
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