Você já
pensou em gerar a sua própria energia elétrica em casa? Pois essa possibilidade
já existe e deve ser cada vez mais comum no país. Segundo estimativa da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até 2024 cerca de 1,2 milhão de
residências no Brasil vão contar com energia produzida pelo sistema de geração
distribuída, que permite que o consumidor instale pequenos geradores de fontes
renováveis, como painéis solares e microturbinas eólicas, e troque energia com
a distribuidora local, com objetivo de reduzir o valor da conta de luz.
O diretor da
Aneel Tiago Correia já instalou oito placas de geração de energia solar em sua
casa, o que vai atender ao consumo total da residência a partir do mês que vem.
Para ele, além da vantagem de usar apenas fontes renováveis, um dos benefícios
da geração distribuída é a redução de investimentos em redes de distribuição de
energia. “Ela traz a geração para próximo do consumo”, afirma.
Na última
terça-feira (1º), começaram a valer as novas regras aprovadas pela Aneel para a
geração distribuída no país, que devem aumentar a procura pelo sistema. Uma das
novidades é a possibilidade de geração compartilhada, ou seja, um grupo de
pessoas pode se unir em um consórcio ou em cooperativa, instalar uma micro ou
minigeração distribuída e utilizar a energia gerada para reduzir as faturas dos
consorciados ou cooperados.
Segundo
Tiago Correia, essa mudança vai possibilitar que mais pessoas adotem a geração
compartilhada. “Quanto maior o sistema, mais barata é a instalação total,
porque alguns custos são diluídos. Isso faz com que o retorno do investimento
seja muito mais rápido, além de facilitar o acesso ao crédito cooperativado”,
acrescenta.
Também foi
autorizado pela Aneel que o consumidor gere energia em um local diferente do
consumo. Por exemplo, a energia pode ser gerada em uma casa de campo e
consumida em um apartamento na cidade, desde que as propriedades estejam na
área de atendimento de uma mesma distribuidora. A norma também permite a
instalação de geração distribuída em condomínios. Nesse caso, a energia gerada
pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios
consumidores.
Quando a
quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia
consumida, o cliente fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a
fatura dos meses seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade
dos créditos passou de 36 para 60 meses.
Crescimento
Entre 2014 e
2016, as adesões ao modelo de geração distribuída quadruplicaram no país,
passando de 424 conexões para 1.930 conexões. Para este ano, o crescimento pode
ser de até 800%, segundo a Aneel. “O potencial de crescimento é muito grande, e
a taxa de crescimento tem sido exponencial, até porque a base ainda é baixa”,
afirma Correia. Atualmente, cerca de 90% das instalações de geração distribuída
no país correspondem a painéis solares fotovoltaicos.
Para o
presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(Absolar), Rodrigo Sauaia, as novas regras aprovadas pela Aneel vão ajudar a
fomentar o uso da geração distribuída no país. “A revisão das normas vai
possibilitar ampliação expressiva da participação da população brasileira na
geração distribuída. O Brasil acabou de se posicionar como uma referência
internacional, na vanguarda na área de incentivo ao uso da energia de geração
distribuída, em especial a geração solar”, lembra.
Custos
O
investimento em um sistema de geração de energia distribuída ainda é alto no
Brasil, por causa do custo dos equipamentos, mas o retorno poderá ser sentido
pelos consumidores entre cinco e sete anos, segundo o diretor da Aneel. “Se
você pensar como um investidor, que tem um dinheiro disponível e gostaria de
aplicar, traria um rendimento muito melhor do que qualquer aplicação financeira
disponível hoje”, diz Tiago Correia.
Já o
responsável pela área de geração distribuída da empresa Prátil, Rafael Coelho,
estima que uma residência consiga obter o retorno do investimento a partir de
quatro anos, dependendo da radiação do local e do custo da tarifa. Para ele, o
investimento vale a pena, especialmente porque o consumidor evita oscilações na
tarifa de energia.
“Quando você
faz o investimento em um sistema desses, é o equivalente a você comprar um
bloco de energia antecipado, um estoque de energia, que poderá usar por 25 anos
sem se preocupar se o valor da energia vai subir ou vai descer”, diz Coelho.
Segundo ele, o aumento da procura por equipamentos vai fazer com que o custo da
instalação tenha uma redução nos próximos anos. “Como qualquer indústria, ela
precisa de escala para poder reduzir o custo unitário. Então, com o crescimento
do setor, essa escala deve vir e consequentemente o custo para o cliente deve
abaixar também”.
Para a
Absolar, o principal gargalo para o avanço do setor de geração distribuída no
país é a questão tributária, especialmente nos 12 estados que ainda não
eliminaram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS sobre a
energia da microgeração. Em nível federal, o governo já fez a desoneração do
PIS-Pasep e da Cofins sobre o sistema. Em relação ao financiamento, a entidade
espera que o governo mobilize os bancos públicos para a oferta de crédito com
condições especiais para pessoas e empresas interessadas em investir em mini e
microgeração distribuída.
agencia
brasil


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