
O diretor da
Aneel Tiago Correia já instalou oito placas de geração de energia solar em sua
casa, o que vai atender ao consumo total da residência a partir do mês que vem.
Para ele, além da vantagem de usar apenas fontes renováveis, um dos benefícios
da geração distribuída é a redução de investimentos em redes de distribuição de
energia. “Ela traz a geração para próximo do consumo”, afirma.
Na última
terça-feira (1º), começaram a valer as novas regras aprovadas pela Aneel para a
geração distribuída no país, que devem aumentar a procura pelo sistema. Uma das
novidades é a possibilidade de geração compartilhada, ou seja, um grupo de
pessoas pode se unir em um consórcio ou em cooperativa, instalar uma micro ou
minigeração distribuída e utilizar a energia gerada para reduzir as faturas dos
consorciados ou cooperados.
Segundo
Tiago Correia, essa mudança vai possibilitar que mais pessoas adotem a geração
compartilhada. “Quanto maior o sistema, mais barata é a instalação total,
porque alguns custos são diluídos. Isso faz com que o retorno do investimento
seja muito mais rápido, além de facilitar o acesso ao crédito cooperativado”,
acrescenta.
Também foi
autorizado pela Aneel que o consumidor gere energia em um local diferente do
consumo. Por exemplo, a energia pode ser gerada em uma casa de campo e
consumida em um apartamento na cidade, desde que as propriedades estejam na
área de atendimento de uma mesma distribuidora. A norma também permite a
instalação de geração distribuída em condomínios. Nesse caso, a energia gerada
pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios
consumidores.
Quando a
quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia
consumida, o cliente fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a
fatura dos meses seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade
dos créditos passou de 36 para 60 meses.
Crescimento
Entre 2014 e
2016, as adesões ao modelo de geração distribuída quadruplicaram no país,
passando de 424 conexões para 1.930 conexões. Para este ano, o crescimento pode
ser de até 800%, segundo a Aneel. “O potencial de crescimento é muito grande, e
a taxa de crescimento tem sido exponencial, até porque a base ainda é baixa”,
afirma Correia. Atualmente, cerca de 90% das instalações de geração distribuída
no país correspondem a painéis solares fotovoltaicos.
Para o
presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(Absolar), Rodrigo Sauaia, as novas regras aprovadas pela Aneel vão ajudar a
fomentar o uso da geração distribuída no país. “A revisão das normas vai
possibilitar ampliação expressiva da participação da população brasileira na
geração distribuída. O Brasil acabou de se posicionar como uma referência
internacional, na vanguarda na área de incentivo ao uso da energia de geração
distribuída, em especial a geração solar”, lembra.
Custos
O
investimento em um sistema de geração de energia distribuída ainda é alto no
Brasil, por causa do custo dos equipamentos, mas o retorno poderá ser sentido
pelos consumidores entre cinco e sete anos, segundo o diretor da Aneel. “Se
você pensar como um investidor, que tem um dinheiro disponível e gostaria de
aplicar, traria um rendimento muito melhor do que qualquer aplicação financeira
disponível hoje”, diz Tiago Correia.
Já o
responsável pela área de geração distribuída da empresa Prátil, Rafael Coelho,
estima que uma residência consiga obter o retorno do investimento a partir de
quatro anos, dependendo da radiação do local e do custo da tarifa. Para ele, o
investimento vale a pena, especialmente porque o consumidor evita oscilações na
tarifa de energia.
“Quando você
faz o investimento em um sistema desses, é o equivalente a você comprar um
bloco de energia antecipado, um estoque de energia, que poderá usar por 25 anos
sem se preocupar se o valor da energia vai subir ou vai descer”, diz Coelho.
Segundo ele, o aumento da procura por equipamentos vai fazer com que o custo da
instalação tenha uma redução nos próximos anos. “Como qualquer indústria, ela
precisa de escala para poder reduzir o custo unitário. Então, com o crescimento
do setor, essa escala deve vir e consequentemente o custo para o cliente deve
abaixar também”.
Para a
Absolar, o principal gargalo para o avanço do setor de geração distribuída no
país é a questão tributária, especialmente nos 12 estados que ainda não
eliminaram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS sobre a
energia da microgeração. Em nível federal, o governo já fez a desoneração do
PIS-Pasep e da Cofins sobre o sistema. Em relação ao financiamento, a entidade
espera que o governo mobilize os bancos públicos para a oferta de crédito com
condições especiais para pessoas e empresas interessadas em investir em mini e
microgeração distribuída.
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