terça-feira, junho 12, 2018
Donald Trump e Kim Jong Un apertam as mãos em momento histórico
Donald Trump e Kim Jong Un realizam nesta segunda-feira, 11, um
encontro histórico e até há pouco inimaginável após décadas de tensões
provocadas pelas ambições nucleares de Pyongyang.
Os dois homens, de trajetórias e estilos radicalmente diferentes e
com mais de 30 anos de diferença, abandonaram seus respectivos hotéis pouco
depois das 08H00 local (21H00 de Brasília de segunda-feira).
O aguardado aperto de mãos entre o presidente americano e o líder
norte-coreano ocorreu em um hotel de luxo, e foi acompanhado por milhões de
pessoas em todo o mundo e tem lugar garantido nos livros de história.
Depois, os dois líderes terão um encontro a sós, antes de se
reunirem com suas respectivas equipes e compartilharem um jantar de trabalho.
Mas, apesar da espetacular aproximação diplomática dos últimos
meses, persistem muitas dúvidas sobre a cúpula entre os dois dirigentes.
Trump, que tem pouco mais de 500 dias na Casa Branca, vive um dos
momentos mais importantes de sua Presidência no cenário internacional, onde tem
desagradado muitos líderes, inclusive alguns dos aliados dos Estados Unidos.
Em uma série de tuítes postados horas antes do evento em Singapura,
Trump indicou que os preparativos do encontro "iam bem".
"Em breve todos saberemos se pode haver ou não um acordo real,
diferentemente dos do passado", tuitou, antes de atacar em outra mensagem
os "haters e perdedores" que consideram uma concessão arriscada a
Kim, com quem o presidente americano trocou ameaças e insultos durante meses.
Kim Jong Un, que até este ano não havia realizado nenhuma visita
oficial ao exterior, aparentou desenvoltura diante das câmeras durante seu
encontro com o premiê singapuriano.
Na noite de segunda-feira, o líder norte-coreano, que chefia um dos
países mais fechados do mundo, desfrutou de um passeio em Singapura e visitou,
visivelmente encantando, os locais turísticos mais emblemáticos da cidade.
Como os dois líderes vão se falar? Donald Trump será tão efusivo
quanto pode ser com seus colegas das grandes potências? Quanto tempo o encontro
vai durar?
Perguntas para as quais aguardam resposta os cerca de 5.000
jornalistas que, segundo o governo americano, viajaram a Singapura para cobrir
a cúpula.
O arsenal nuclear norte-coreano, que provocou uma série de sanções
da ONU ao longo dos últimos anos, será a questão central das conversações.
O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que se reuniu duas
vezes com Kim Jong Un em pouco tempo, assegurou na segunda que as conversas
entre Washington e Pyongyang haviam avançado rapidamente nos últimos encontros
e se disse "muito otimista sobre as possibilidades de sucesso".
Pompeo afirmou que os Estados Unidos estavam dispostos a aportar à
Coreia do Norte "garantias de segurança únicas, diferentes" das
propostas feitas até agora, em troca de uma desnuclearização "completa,
comprovável e irreversível".
A Coreia do Norte, que multiplicou desde 2006 os testes nucleares e
balísticos, se declarou favorável à desnuclearização, embora nunca tenha
entrado em detalhes sobre a forma de realizá-la.
Trump, que costuma se vangloriar de sua capacidade de negociação e
de seu instinto, assegura que saberá "desde o primeiro minuto" de seu
encontro com o líder norte-coreano se ele estará disposto a avançar.
A incógnita agora é saber se, apesar dos preparativos caóticos e
dos sinais às vezes contraditórios enviados pelo governo Trump, o atípico
presidente americano conseguirá o que nenhum de seus antecessores conseguiu.
Analistas e historiadores acreditam haver uma possibilidade, mas
lembram que o regime de Pyongyang tem um histórico de promessas descumpridas.
Em 1994 e em 2005 foram fechados acordos nunca aplicados.
"Trump provavelmente cantará vitória seja qual for o resultado
da cúpula, mas a desnuclearização da península coreana é um processo que vai levar
anos", avalia Kelsey Davenport, da Arms Control Association. A
"verdadeira prova" será "a adoção ou não pela Coreia do Norte de
medidas concretas para reduzir a ameaça que representam suas armas
nucleares".
O chefe da diplomacia americana garante, no entanto, que a situação
é totalmente diferente desta vez e que o
encontro dará frutos.
"Só há dois homens que podem tomar decisões de tamanha
importância. Estes dois homens estarão sentados na mesma sala", afirmou
Pompeo na véspera da cúpula.
AFP
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