Há duas semanas, Michel Temer sustentou que a alta no
desemprego seria uma notícia… positiva. “É um dado positivo que revela esse
suposto desemprego”, disse o presidente à CBN. “Quando a economia melhora, as
pessoas que estavam desalentadas e não procuravam emprego começam a procurar
emprego”, prosseguiu. “Como não há emprego para todos, isso eu reconheço, ele
não consegue o emprego”, continuou Temer. “Ele entra, ou reentra, na área dos
desempregados. Mas é interessante, eu volto a dizer. É um fato positivo”,
assegurou. “Mas é um positivo entre aspas, não é, presidente?”, questionou o
âncora Roberto Nonato, numa tentativa de trazer o entrevistado ao mundo real.
“Não, é fora das aspas”, ele respondeu. Na quinta-feira, o IBGE mostrou que a
conversa do presidente era fiada. O instituto informou que o número de
desalentados está longe de diminuir. Ao contrário: aumentou para 4,6 milhões, o
maior de toda a série histórica. A categoria reúne os brasileiros que, abatidos
pela crise, desistiram de procurar trabalho. No primeiro trimestre de 2016, às
vésperas do impeachment, o país contava 2,8 milhões de desalentados. Isso
significa que o exército de pessoas sem esperança de se realocar cresceu 64%
desde que Temer vestiu a faixa. O número de desempregados também subiu neste
período: de 11,1 milhões para 13,7 milhões. Um salto de 23% em dois anos de
governo. A subutilização da força de trabalho também atingiu nível recorde. O
índice acaba de bater em 24,7%, o maior desde o início da PNAD Contínua, em
2012. Hoje falta trabalho para 27,7 milhões de brasileiros, somando
desempregados, subocupados e desalentados. Entre os fatos e a propaganda, Temer
continua a escolher a propaganda. No dia 4, em palestra numa faculdade de São
Paulo, ele disse que o número de desempregados estaria “começando a cair”. Era
mentira, porque o índice só cresceu nos últimos três trimestres. “Quando nós
assumimos, estava em torno de 14 milhões e meio de desempregados”, acrescentou
o presidente, em outra aventura pelo terreno da ficção. Superfaturou a conta em
3,4 milhões de pessoas, o equivalente a duas vezes a população do Recife. O
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