quinta-feira, março 22, 2018
Ceará vai dessalinizar água do mar para consumo
A seca histórica que há seis anos não dá trégua à Região Nordeste
levou o governo do Ceará a adotar uma medida extrema para garantir o
abastecimento humano de água. O governo do Estado decidiu instalar, no litoral
de Fortaleza, uma unidade de dessalinização da água do mar, para complementar o
atendimento à população. O plano é que, até 2020, parte dos habitantes da
cidade passe a matar a sede bebendo esse líquido.
Até maio, o Estado vai receber dois estudos técnicos sobre o
projeto, que tem orçamento estimado em cerca de R$ 500 milhões. Uma empresa
sul-coreana e outra espanhola foram escolhidas no fim de 2017 para apresentar
propostas de engenharia, com indicação do melhor modelo tecnológico para
retirar o sal da água e o melhor local para sua instalação.
A meta do governo é de que a água retirada do Oceano Atlântico
atenda pelo menos 720 mil habitantes de Fortaleza. A capital consome hoje cerca
8 m³ de água por segundo. A planta de dessalinização tem projeção de entregar 1
m³ de água tratada por segundo, o equivalente a 12% do consumo na cidade.
À reportagem, o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco
Teixeira, disse que o empreendimento vai a leilão no segundo semestre, com previsão
de entrar em operação em dois anos. “Vivemos em uma cidade do tamanho de
Fortaleza, que tem 9 milhões de habitantes, em um Estado do Semiárido, olhando
para o mar.
A alternativa de futuro que temos é complementar o abastecimento
humano com a dessalinização da água do mar. Não temos mais dúvidas disso”,
disse ele, ex-ministro da Integração Nacional. O plano do governo é contratar
uma empresa para construir e ficar responsável pela operação. A contrapartida
estadual será a de comprar toda água tratada por essa empresa, que se ligará a
um ponto de distribuição da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
O governo vai estabelecer uma tarifa máxima que pretende pagar para
cada litro de água dessalinizada. Vencerá a licitação a companhia que apresentar
a menor tarifa, que será paga pelo consumidor final.Experiências internacionais
apontam que cada metro cúbico de água dessalinizada teria um custo médio de U$
1 (cerca de R$ 3,31).
Hoje, o valor médio praticado pela Cagece para tratar cada metro
cúbico de água doce é de cerca de R$ 3, segundo Francisco Teixeira. “Veja que,
portanto, não devemos ter aumento muito grande nos preços da água”, declarou.
“Plantas de dessalinização de maior porte, como as de Israel, por exemplo,
conseguem chegar a US$ 0,60 para cada metro cúbico de água tratada”, disse.
Numa segunda etapa, a ideia é construir outra segunda unidade de tratamento,
dobrando a capacidade de dessalinização.
Escassez
O objetivo é reduzir a dependência de Fortaleza das águas do Açude
do Castanhão, que fica a 280 quilômetros da capital. Principal caixa d’água que
abastece a cidade, o reservatório vive sua pior situação desde 2002, quando
entrou em operação, com apenas 3% do que teria capacidade de armazenamento. Em
2017, o governo do Ceará entrou em conflito com usinas térmicas de energia
instaladas no Porto de Pecém, que vinham utilizando muita água do Castanhão
para resfriar suas turbinas. O governo acusou ainda as empresas de terem
abandonados planos de dessalinizar a água do mar para usar em suas operações.
Hoje, porém, a ideia é que essas termoelétricas passem a utilizar águas de
reúso em suas atividades. Para a população, a fonte será o oceano.
Com informações Veja
FONTE: CEARÁ AGORA
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