Transmitida pelo mosquito palha, a leishmaniose visceral (LV),
também conhecida como calazar, já fez 10 vítimas humanas fatais no Ceará
somente em 2017. De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), já são
157 casos confirmados no Estado, estando a doença presente em quase todos os
municípios.
Diante desses números e para abrir a Semana Nacional de Controle e
Combate à Leishmaniose, que ocorre entre os dias 7 e 11 de agosto, a Sesa em parceria
com a Secretaria de Saúde de Fortaleza, Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e
com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) estiveram na manhã de hoje (6) no
Parque do Cocó com ação de conscientização sobre a doença.
A médica veterinária e assessora técnica do Grupo de Leishmanioses
do Núcleo de Controle de Vetores (Nuvet) da Sesa, Ana Paula Bouty, explica que
a leishmaniose está disseminada e passa por uma urbanização desde a década de
80. "Isso occore devido ao crescimento desordenado da cidade e as
transformações ambientais, então, hoje, a gente encontra o mosquito do calazar
em todos os bairros de Fortaleza e em quase todos os municípios do Ceará".
Ela lembra que o mosquito palha é atraído pelo lixo em
decomposição. "Uma das formas de prevenir é com limpeza, não deixando os
resíduos de matéria entrarem em decomposição, acondicionando e dando destino
correto ao lixo", destaca Ana Paula.
A transmissão da leishmaniose visceral ocorre por meio da picada do
mosquito palha, que introduz no hospedeiro o protozoário causador. Dessa forma,
o mosquito pode transportar a doença ao picar um animal doente e picar um ser
humano.
Animais
O secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno, destaca a parceria com
órgãos protetores para reduzir o número de animais em situação de abandono, o
que contribui para controlar a doença. "O animal abandonado tem muito mais
possibildiade de adoecer e inclusive essa doença chegar aos seres humanos do
que o animal doméstico que é cuidado dentro de casa, levado para clínicas"
Para isso, ele destaca o trabalho da Sema realizando campanhas
contra o abandono, crime conforme a Lei 9605/98, e campanhas de adoção de
animais e de castração em parceria com o curso de Medicina Veterinária da
Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Sintomas
De acordo com Ana Paula, os principais sintomas da doença nos
humanos são febre alta, falta de apetite e perda de peso. Em casos mais
avançados, a pessoa infectada também pode apresentar aumento da região do
abdômen devido ao crescimento do baço e do fígado. "Um dos primeiros
sintomas que aparecem é uma febre alta de sete dias e que não regride com
medicamento", frisa Ana Paula.
"A gente sempre recomenda que, se a pessoa mora em uma região
que ela já tenha tomado conhecimento de que há casos de leishmaniose e está
apresentando esses sintomas, que ela procure a unidade de saúde mais próxima. O
tratamento para o humano é gratuito e tem como hospital de referência o São
José", ressalta a médica veterinária da Sesa.
Alguns desses sintomas também aparecem no animal infectado, segundo
Ana Paula. "Ele também tem perda de peso e perda de apetite. O animal pode
ainda apresentar queda de pelos, lacrimejamento, lesões no focinho e na ponta
das orelhas e também pode ter feridas pelo corpo, distenção do abdômen e crescimento
acelerado das unhas", detalha.
Para o animal, ela destaca que o tratamento não cura, levando
apenas a uma melhora no estado clínico e na carga parasitária. No ano passado,
o Ministério da Saúde aprovou o tratamento da leishmaniose visceral canina.
Entretanto, Ana Paula destaca que "não é o recomendado, porque ainda não é
uma medida de prevenção de saúde pública.
"Como não tem cura no animal, ele continua sendo um risco para
o ser humano mesmo com o tratamento, que é bastante caro. A recomendação é eutanasiar,
porque ele continua representando fonte de infecção ao ser humano", avalia
Ana Paula.
Vacinação
Também foi realizada vacinação contra a raiva em cães durante a
ação no Cocó. Foram disponibilizadas duzentas doses, além de exames de calazar.
Quem perdeu a vacinação ou quer levar o animal para realizar o exame pode
entrar em contato com a Unidade de Vigilância de Zoonoses pelo (85) 3131-7849.
DN


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