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Morcego pode transmitir raiva a animais domésticos e humanos (Foto: Arquivo/PMC) |
Relatório assinado por representantes do Ministério da Saúde e da
Secretaria da Saúde do Ceará revela que o paciente foi agredido no pé esquerdo
por um morcego hematófogo, ou seja, que se alimenta de sangue, enquanto dormia,
em 16 de setembro. Ele teria, em seguida, matado e descartado o animal, e não
procurou ajuda médica.
Para certificar-se do diagnóstico da raiva, no dia 21 de outubro
foram enviadas ao Instituto Pasteur, em São Paulo, amostras de soro, líquor,
folículo piloso e saliva do infectado. Nesta terça-feira (25), o Instituto
informou como positivo o resultado laboratorial para a amostra do folículo
piloso, compatível com a linhagem do vírus que circula em morcegos hematófagos.
A equipe médica acompanha o paciente com a administração do soro
antirrábico. Em 24 de outubro, seguindo o Protocolo para Tratamento de Raiva
Humana no Brasil, o Ministério da Saúde enviou ao hospital o medicamento
Biopterina. De acordo com a diretora do Hospital São José, Tânia Coelho, o
paciente encontra-se na Unidade de Pronto Atendimento (UTI), em estado grave,
porém estável. Ela afirma que os níveis de mortalidade em relação à doença são de
quase 100%, no entanto ressalta que há dois casos no Brasil em que o tratamento
foi eficaz e reitera que todos os protocolos estão sendo seguidos para tentar
salvar o paciente.
A última morte por raiva humana no Ceará foi em 2012, transmitida
por um soim, em Barbalha, no Cariri. A vítima foi uma criança de 9 anos, que
passou duas semanas internada no Hospital São Vicente de Paulo.
A Secretaria da Saúde enviou, no último dia 21, uma equipe de
vigilância para, junto à Secretaria Municipal da Saúde de Iracema, buscar
outras eventuais pessoas que possam ter sido expostas a agressão de morcegos,
realizar alerta aos profissionais de saúde da região, acionar a Agência de
Defesa Agropecuária quanto ao controle da espécie animal e realizar ações de
bloqueio, como a vacinação de cães.
Defasagem
O Ministério da Saúde está repassando à Secretaria de Saúde do
Estado (Sesa) apenas 48% da quantidade de doses de vacinas contra raiva humana
solicitada de janeiro a outubro deste ano. A Coordenação Estadual de Imunizações
solicitou em 2016, conforme critério de incidência de agressões por animais,
150 mil doses nos primeiros 10 meses do ano, o equivalente a 15 mil doses por
mês, e recebeu 72.350 doses. A União confirma que a distribuição aos estados
está em quantitativo reduzido, conforme os estoques. O MS informou que, em
2015, 102,6 mil doses foram enviadas para o Ceará.
Em outubro, por exemplo, o repasse foi de apenas 850 doses da
vacina humana, insuficientes diante da média mensal de 2,5 mil agressões de
animais a humanos. A Sesa informou que o repasse vem diminuindo
progressivamente, tendo recebido 14 mil vacinas em janeiro, período com maior
quantidade.
Como o esquema vacinal requer duas, três e cinco doses por
paciente, quando há indicação médica, o número deveria ser maior. De acordo com
a coordenadora de imunização da Sesa, Ana Vilma Leite Braga, o problema acontece
desde 2013, e a justificativa do Ministério é de que os laboratórios não estão
entregando o soro necessário e se adequando às práticas exigidas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Nós fazemos o pedido e sempre vem um quantitativo menor. A cada
ano, essa quantia é menor. Por isso, nós estamos trabalhando de forma bem
criteriosa, otimizando para que não falte para quem precisa”. Conforme ela, a
expectativa é que, a partir de novembro, a situação esteja regularizada. Em
Fortaleza, apenas um posto de saúde, o Paulo Marcelo (na Rua 25 de março),
dispõe das vacinas e só o Hospital São José utiliza o soro. Os dados da Sesa
apontam que, de 2005 a 2012, foram confirmados cinco casos de raiva humana. Em
apenas um deles a transmissão ocorreu através de cão. Os outros quatro foram
transmitidos por soins.
Diário do Nordeste
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