Uma mensagem
de celular foi o "estopim" para que o comerciante Francisco Roberto
de Oliveira, 46, matasse a técnica de enfermagem Elizangela Gomes Lemos, 35,
com quem era casado há pelo menos 10 anos e escondesse o corpo dela em um
refrigerador. A mesma mensagem teria sido o principal motivo para que ele
viajasse mais de 150 quilômetros até o município de Choró, onde fez de refém e
matou vice-prefeito Sidney Cavalcante Sousa, 42. A informação é do delegado
Leonardo Barreto, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Conforme
Barreto, depoimentos relatados à Polícia Civil confirmaram que há pelo menos
duas semanas Roberto encontrou mensagens do celular de Elizangela para o
político. "Através de depoimentos colhidos tivemos acesso a informação de
que ele encontrou algumas mensagens no celular da Maria Elizangela, que
denotavam a existência de um relacionamento extraconjugal. Isso há duas
semanas, isso foi compartilhado com pessoas próximas do casal e depois ele
começou a premeditar essa situação que aconteceu tanto no fim de semana e ontem
(24)", explicou.
Carta e foto
rasurada em Fortaleza
Segundo o
delegado, ao receber o endereço do condomínio José Bastos, na Avenida Augusto
dos Anjos, a equipe da Divisão de Homicídios se deparou com o corpo da mulher
em um dos refrigeradores. Roberto trabalhava com venda de queijos e os freezers
serviam para armazenar o material que comercializava. A equipe demorou quase
duas horas para retirar o corpo congelado.
"Encontramos
no apartamento do casal, o corpo da Maria Elizângela, sem lesões aparentes de
violência externa, mas dentro de um freezer, localizado na cozinha do
apartamento. O corpo foi, com muita dificuldade, retirado do local, e
encaminhado a exames mais aprofundados na Pefoce, por meio do exame
cadavérico", comentou o delegado.
No entanto,
o que chamou atenção da equipe da Divisão de Homicídios foi uma foto do casal
rasurada. " O que nos chamou atenção foi a foto do casal, em que Francisco
Roberto e Maria Elizangela estavam um ao lado do outro e no lugar do rosto de Roberto
existia uma mancha branca, apagada", citou.
A carta
deixada em cima da mesa na sala era um pedido de desculpas. "O qui (SIC)
eu mais amava na vida era a minha famílha (SIC). Gabriel e Vernanda e a minha
esposa. E ela fazer isso comigo, mim (SIC) traindo, mim (SIC) desculpe meu
sogro mil desculpa (SIC)", escreveu Roberto.
Segundo o
delegado Leonardo Barreto, os filhos do casal foram deixados na casa de
familiares no domingo, 22, em Fortaleza.
"Ele
deixou com os familiares dela (Elizangela) avisando e que precisaria viajar
para Jaguaretama e não teria com quem deixar os meninos, pois ela ia trabalhar.
Não sabemos se ele matou Elizangela na presença dos filhos", explicou.
Casamento
O delegado
explicou Elizangela e Roberto se conheceram em Jaguaruana, terra natal do
casal, que teve dois filhos. A mulher teria estagiado ou trabalhado, não se
sabe ao certo, em Choró, onde poderia ter conhecido o vice-prefeito Sidney
Cavalcante.
No perfil da
rede social Facebook de Elizangela, uma imagem com uma frase sobre amor foi
publicada no dia 20 de outubro, com os seguintes dizeres: “Amor que deixa
triste não é amor, é sofrimento. Quem não te faz sorrir não te faz bem. Saudade
não é prazer. A espera é tédio e a insistência humilha", publicou.
As mensagens
de amigos lamentavam a morte das vítimas. O corpo do vice-prefeito foi velado
por familiares na residência do pai dele, Francisco Francimar. Em seguida foi
levado ao ginásio poliesportivo da cidade, onde o velório seguiu acompanhado
por moradores do município.
Comércios
fecham em Choró
Conforme o
radialista Marcolino Borges, o corpo do vice-prefeito foi liberado na madrugada
da última terça-feira, 24. onde permaneceu na casa dos pais, na zona rural de
Choró. Ás 11 horas desta quarta-feira, 25, foi para o ginásio poliesportivo no
Centro da cidade e em seguida para a igreja matriz de São Sebastião, onde houve
a missa de corpo presente.
O
sepultamento aconteceu por volta das 17 horas. Parte do comércio local
funcionou pela manhã, mas fechou as portas durante o velório em clima de luto.
O radialista comentou que o vice era casado, pai de dois filhos adolescentes e
que uma das informações era de que começaria um processo de separação.
"Ele
não era de se expor, era uma pessoa reservada, no histórico de vida dele nunca
teve isso e foi o que deixou a cidade consternada. Ele foi assessor de
parlamentares e secretário de saúde no começo da administração, em 2013 até
meados de 2014", relatou.
Flagrante
Apesar de
estar internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), em estado grave, o
delegado Leonardo Barreto relatou que foi realizado o flagrante de Roberto
assim que a DHHP constatou os dois homicídios. "Ele está flagranteado por
homicídio qualificado mediante dissimulação e impossibilidade de defesa. Da
esposa o homicídio simples e por ocultação de cadáver", relatou.
Ainda não há
informações sobre a liberação do corpo da técnica de enfermagem, que trabalhava
em um hospital particular da Capital.
Entre os pertences encontrados com Roberto no local do crime de Choró, a
Polícia também encontrou um alvará de liberdade provisória por porte ilegal de
arma de fogo.
O caso
Na última
terça-feira (25), a Polícia Civil de Quixadá e o Grupo de Ações Táticas
Especiais (Gate), do Batalhão de Choque (BPChoque) foram acionados para uma
situação em que um homem identificado como “Júnior” mantinha o vice-prefeito de
Choró e mais três pessoas reféns no gabinete da Prefeitura. Após três horas de
negociação, o suspeito fingiu que iria se render e atirou contra a própria
cabeça.
Roberto
segue internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), Centro, em estado grave.
Existia apenas o vice-prefeito Sidney e Roberto dentro da sala. Outro detalhe é
que o homicida também fingiu estar no ambiente de trabalho do prefeito para
falar sobre política, criticando o modelo do Partido dos Trabalhadores (PT), em
que a vítima era filiada. Somente após as negociações ele relatou a suposta
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