segunda-feira, outubro 02, 2017
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A cada 40 segundos, uma pessoa morre vítima de doença cardiovascular no Brasil
A cada 40 segundos, uma pessoa morre vítima de doença cardiovascular no Brasil
Em todo o mundo, cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem vítimas de
doenças cardiovasculares, a cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS). No Brasil, a situação não é diferente. A média anual chega a 350 mil, o
que corresponde a uma vida perdida a cada 40 segundos; a duas vezes mais que
todas as mortes decorrentes de câncer e seis vezes mais que as provocadas por
todas as infecções no país.
Apenas entre janeiro e setembro deste ano, foram 240 mil mortes por
problemas cardíacos.Para alertar a sociedade, a Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC) promove nesta sexta-feira, 29, Dia Mundial do Coração, a
campanha Movidos pelo coração.
O objetivo da campanha é convencer a população a adotar medidas
preventivas. Atividades em algumas cidades e ações na Internet promoverão essa
sensibilização, que pode ser definitiva na vida de muitas pessoas. Isso porque,
segundo o presidente da SBC, Marcus Bolivar Malachias, “a metade dessas mortes
poderia ser evitada ou postergada por muitos anos com prevenção e cuidado”.
Praticar atividades físicas; ter uma alimentação balanceada;
controlar o colesterol, a pressão arterial e o diabetes; evitar fumar; consumir
moderadamente álcool e sal e usar corretamente a medicação indicada pelo
médico, quando for o caso, são exemplos do que deve ser feito para evitar
doenças arteriais coronárias, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e outros
problemas.
Embora as doenças e também as formas de combatê-las sejam
conhecidas da comunidade médica e mesmo da população em geral, o Brasil tem
vivenciado a ocorrência precoce desses problemas. Metade dos infartos fatais,
que deveriam atingir sobretudo idosos, ocorre, atualmente, em pessoas com menos
de 60 anos.
O número de atingidos com menos de 40 também tem crescido, segundo
a SBC. Uma das explicações para esses fatores é que “o brasileiro não se
trata”, sentencia Marcus Bolivar Malachias. Ele aponta que 80% dos hipertensos
sabem que devem se cuidar, mas não adotam reeducação alimentar ou atividades
físicas. Muitos também não tomam os remédios indicados para o tratamento,
inclusive porque esse tipo de doença não costuma ser sintomática. Caso tudo
isso fosse feito, a pessoa hipertensa poderia ter mais 16,5 anos de expectativa
de vida.
“Nosso maior desafio é diminuir o hiato entre a ciência, os
conhecimentos e as tecnologias e a sua aplicatividade, por isso é importante
fazer com que as pessoas se conscientizem, porque a saúde começa com o
autocuidado”.
De acordo com Malachias, o Brasil possui um número alto de
cardiologistas, 14 mil, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. O sistema de
saúde do país também possibilita o cuidado, apesar das dificuldades que podem
ser encontradas para se obter assistência médica especializada. “Hoje, nós
demandamos muita consulta com pouca resolutividade, porque após a consulta o
tratamento deve continuar”, explica.
Além disso, o estresse tem se tornado um fator de risco recorrente,
inclusive entre os jovens. A alta liberação de hormônios como a adrenalina e
cortisol provocam instabilidade e elevam a pressão sanguínea e os batimentos
cardíacos, podendo provocar infarto ou AVC. Para combatê-lo, a SBC indica
algumas pequenas práticas, como se alimentar melhor, praticar atividades
físicas, dormir melhor e até rir mais. Em caso desse estado de tensão ocorrer
com frequência, é importante buscar ajuda para saber se pessoa está sofrendo de
algum distúrbio de ansiedade.
Alimentação equilibrada
A obesidade é outro fator de risco que pode ser enfrentado. Hoje,
cerca de 50% da população brasileira tem sobrepeso. O crescimento do problema
tem acompanhado as mudanças nos hábitos alimentares, como a proliferação de
fast foods. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, os
pratos tradicionais das diferentes regiões do país são aliados no combate à
obesidade e outras doenças, pois são baseados em alimentos frescos produzidos
nas proximidades dos locais de consumo, e diversificados, o que garante o
necessário balanceamento alimentar.
Por isso, o presidente da SBC defende que é preciso estimular e
garantir condições para que as pessoas possam comer alimentos in natura de
forma mais barata e que elas tenham informações, como a procedência dos
produtos. Ele também alerta a população para que não mude seus hábitos para
seguir qualquer informação disponibilizada, por exemplo, em redes sociais.
Nelas é possível encontrar notícias diversas que propõem, por exemplo, consumo
excessivo de ovo ou gordura como supostas descobertas do mundo científico. “O
melhor a fazer é seguir a natureza, que é equilibrada. Não existe alimento bom
ou ruim A moderação é o que faz bem”, conclui.
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