quinta-feira, outubro 13, 2016
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Brasil está entre os 50 piores lugares do mundo para as meninas, diz relatório
Brasil está entre os 50 piores lugares do mundo para as meninas, diz relatório
O alto número de casamentos infantis – antes dos 18 anos de idade –
e de meninas grávidas na adolescência coloca o Brasil entre os 50 piores países
do mundo para se nascer mulher, segundo ranking divulgado pela organização não
governamental internacional Save The Children. De acordo com o relatório Every
Last Girl, o Brasil é o 102º lugar entre 144 países analisados.
A situação do Brasil coloca o país 14 posições atrás do Paquistão
(88º lugar), país da jovem Malala Yousafzai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz
por sua luta pelos direitos das mulheres e conhecida por ter sido perseguida e
quase assassinada pelo Taliban em seu país. O relatório destaca ainda o fato de
o Brasil estar apenas três posições à frente do Haiti, mesmo tendo renda média
considerada alta, enquanto a ilha é um dos lugares mais pobres do mundo.
A situação dos países ricos, no entanto, também está aquém do
esperado. Embora possuam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os mais
altos do mundo, países como Austrália (21º no ranking), Reino Unido (15º),
Canadá (19º) e França (18º) ficaram em posições consideradas ruins pela Save
The Children.
“Nem todos os países ricos tiveram performances tão boas quanto
poderiam”, observa o relatório. “Isto é devido, na maior parte, à baixa
proporção de mulheres membros do Parlamento e à taxa relativamente alta de
fertilidade adolescente”, diz o documento.
Representação política
O relatório da Save The Children leva em consideração para o
ranking alguns fatores em especial – taxas de casamentos infantis, gravidez na
adolescência, mortalidade materna, representatividade feminina no parlamento e
índice de conclusão do ensino médio pelas garotas. O estudo também aborda
outras questões que influenciam a qualidade de vida das meninas pelo mundo,
como acesso a serviços de saúde e educação sexual, violência de gênero,
suscetibilidade a conflitos e desastres, além da exclusão econômica.
Em alguns casos, a fragilidade das garotas está especialmente
relacionada à condição social delas. O documento observa que “na maioria dos
países, garotas de famílias pobres são alvos preferenciais do casamento
prematuro do que seus pares de famílias ricas”. E ainda que “as garotas de
algumas regiões em particular de alguns países são desproporcionalmente
afetadas” pelo casamento infantil. Este é o caso da Etiópia, em que, em algumas
regiões, 50% das meninas se casam antes dos 18 anos. Na capital, Adis Abeba, a
taxa é de 12%.
Por outro lado, alguns países pobres têm desempenho
consideravelmente positivo em algumas questões, como a voz feminina na
política. Ruanda é o país do mundo com maior representatividade feminina no parlamento, com 64% de
congressistas mulheres. Este fator coloca o país na 49ª posição no ranking,
mais de 50 pontos à frente do Brasil, que tem apenas 10% de deputadas federais
e 15% de senadoras.
“Ouvir as garotas e valorizar o que elas dizem ser suas
necessidades é essencial para determinar políticas que vão permitir que essas
necessidades sejam conhecidas. Amplificar as vozes das garotas é condição
central para cumprir a promessa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável de não deixar a ‘ninguém para trás’”, pontua o relatório.
A questão da representatividade feminina na política é o único
fator que pesa contra Suécia, Finlândia e Noruega, os três melhores países para
se nascer garota, segundo o ranking da Save The Children. Nesses países, o
índice de mortalidade materna e de casamento infantil é zero e as taxas
relativas a não conclusão do ensino médio ou de gravidez na adolescência são
muito baixas. A baixa quantidade de mulheres no parlamento é o único fator
negativo que aparece relacionado a eles.
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